Algumas das famílias retiradas, nesta terça-feira, de uma área particular invadida no bairro Planalto tentam se acomodar em casas e terrenos de amigos. O mesmo destino está sendo dado a pertences, madeiras e telhados. A reintegração de posse determinada pela 1ª Vara Cível envolve cerca de 50 casas de uma área próxima à Rua Francisco Boniatti.
A desempregada Daiane Nunes Urias, 23 anos, tentará montar um barraco num terreno do mesmo bairro, que faz parte de uma segunda área invadida e cujo processo de reintegração ainda se encontra em trâmite. Alguns eletroeletrônicos, como a televisão, ela levou na casa de uma vizinha que não terá a moradia retirada nesta primeira ação. Daiane queixa-se por não ter recebido um comunicado escrito avisando sobre a remoção desta terça-feira.
- Ninguém me entregou um papel dizendo para eu sair. Tinham comentado que teríamos de sair, mas, assim, de uma hora para outra, fica complicado pra gente. Sem organização e sem dinheiro, vou ter de montar um barraquinho com lona até encontrar um local para morar. Alguns móveis vou levar na casa de amigos, outros, como o fogão, vão ter de ficar ao ar livre - relata Daiane.
A moradora foi a primeira a ter sua casa desmanchada na reintegração de posse que se iniciou por volta das 9h desta terça-feira. Na pequena residência de madeira, moravam, há cerca de dois anos, ela, o marido e dois irmãos adolescentes. Daiane veio de Livramento para Caxias há três anos. O salário do marido, na faixa de R$ 650, é que garante o sustento da família. Ela informa que está inscrita há cerca de um ano no programa habitacional Caxias, Minha Casa, mas, até agora, não foi contemplada.
Outra ocupante da área, a desempregada Michele Taques, 29 anos, relata que não tem para onde ir se sua casa for retirada hoje. Ela conta que já ajeitou seus móveis e pertences, mas está à espera do retorno de um amigo de Bom Jesus, para onde pretende se mudar com o namorado.
- Pedi à Brigada Militar se dá para esperar, ao menos, até a amanhã para retirar minha casa. Um colega de Bom Jesus ficou de ajudar. Não temos para onde ir, porque ninguém vai alugar uma residência, de uma hora para outra, para uma pessoa desempregada - lamenta Michele.
Até por volta das 11h desta terça-feira, a reintegração transcorreu de forma tranquila. Cerca de 50 policiais cuidaram da segurança. Conforme o comandante do 12º Batalhão de Polícia Militar, Jorge Emerson Ribas, houve uma preparação prévia em relação a esta reintegração de posse.
- A intenção nossa é evitar qualquer tipo de conflito envolvendo os moradores. Por isso, há vários dias, estamos orientando e mantendo contato com as famílias - explica Ribas.
Além dos policiais, integrantes do Conselho Tutelar e o vereador Rodrigo Beltrão (PT) também acompanharam, pela manhã, a remoção das residências no Planalto. Beltrão disse que abordará a situação das famílias retiradas e o problema da carência habitacional em Caxias no plenário da Câmara.
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Ocupantes de área no bairro Planalto, em Caxias, tentam se acomodar em casas e terrenos de amigos
Por ordem judicial, cerca de 50 residências estão sendo retiradas de um terreno particular invadido
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