
A passagem de Luizinho Vieira no Estádio Centenário durou sete meses. Contratado para comandar o projeto do acesso do clube para a Série B do Brasileiro de 2026, no entanto, o treinador comandou o Grená em apenas dois jogos da Série C.
O desempenho abaixo do esperado na temporada foi imperativo para que a direção optasse pela saída do treinador de 53 anos.
Confira abaixo os principais momentos de Luizinho Vieira no Caxias.
"Sou um treinador que gosta de atacar"
Para fechar a contratação de Luizinho, o vice de futebol, José Caetano Setti, e o presidente, Roberto de Vargas, viajaram até Criciúma para definir os detalhes do acerto.
E antes mesmo de ser anunciado pelo clube, Luizinho Vieira concedeu uma entrevista exclusiva ao Pioneiro, no dia 21 de setembro de 2024, já falando como técnico do clube.
— Eu gostei muito da forma que me foi colocado o projeto. Achei o presidente muito ambicioso e também muito comprometido com a causa. Sou um treinador que gosta de atacar.
"Não é uma prioridade, mas é uma obsessão o acesso à Série B"

Em sua apresentação oficial, no dia 24 de setembro, o treinador foi além e disse que o acesso à Série B seria uma obsessão do clube.
— Não tenham dúvidas de que o Caxias vai ser protagonista na Série C do ano que vem (2025). O Caxias tem uma marca muito forte. Tem uma estrutura melhor do que vários clubes que hoje transitam dentro da Série B. Tem uma torcida gigantesca, que óbvio que está ansiosa para poder subir. Não é uma prioridade, mas é uma obsessão o acesso à Série B.
Atritos com o torcedor

Depois de uma longa pré-temporada e o começo de Gauchão, com derrota no Ca-Ju disputado no Centenário na quarta rodada, o treinador já começava a ouvir murmurinhos das arquibancadas. E as críticas ao trabalho de Luizinho se acentuaram na vitória do time sobre o São Luiz, por 1 a 0, diante de um adversário que tinha dois jogadores a menos em campo e de um futebol ruim apresentado pelo time grená.
A gota d'agua foi na partida contra o São José quando uma cena chamou a atenção de todos no Estádio Centenário pela última rodada da 1ª fase do Gauchão 2025. Inconformados com o rendimento da equipe quando o duelo estava em 0 a 0, alguns torcedores cobraram atitudes do técnico Luizinho Vieira que revidou fazendo gestos à torcida e teve que ser contido pelo seu auxiliar.
— No primeiro momento, eu fui muito cobrado pelo rendimento e faz parte do processo, a torcida cobrou e eu sei o poder da torcida, até li algumas críticas em relação a isso, que são pertinentes. Mas o que o torcedor tem que entender, eu não quero brigar com o torcedor, muito pelo contrário, eu sei a força que eles têm, eu quero agrupar, eu quero que a gente canalize essa cobrança para o lado positivo. De construir um time, o acesso para a Série B, que é o que eu sempre falei, que é o que todo mundo quer aqui — apontou o treinador.
E depois da vitória suada da equipe, na estreia da Série C, sobre o Floresta, depois de mais de 45 dias sem jogos oficiais e de preparação, o treinador voltou a disparar contra o torcedor:
A atuação do time durante boa parte do jogo resultou em vaias e gritos de "burro" para o treinador.
— Ninguém é burro aqui. Ninguém tá brincando aqui. Muito pelo contrário, é o emprego de todo mundo. Eu não gostei que colocaram funcionários para poder evitar a vaia, porque estão passando vergonha em cima do que está acontecendo, e estão esquecendo que é esse processo que pode levar o Caxias onde o torcedor quer.
O desempenho e a decisão da saída do técnico

O treinador deixa o clube após 14 jogos, com seis vitórias, dois empates e seis derrotas. O aproveitamento foi de 47,6%.
No Gauchão, o Caxias chegou à semifinal, sendo eliminado pelo Inter. Conquistou vaga à Copa do Brasil de 2026 e deixou a competição deste ano na segunda fase diante do Fluminense.
Na Série C, foram dois jogos, com uma vitória e uma derrota. O Grená é o nono colocado e enfrenta o Guarani, pela terceira rodada, na próxima segunda-feira (28), no Centenário.
A decisão pela saída de Luizinho se deu ao final da derrota para o Confiança, ainda em solo sergipano. O próprio técnico admitiu a atuação abaixo da equipe. O desempenho fraco do time, que não chutou uma bola em gol no segundo tempo, foi determinante para a decisão da diretoria. O presidente Roberto de Vargas estava com a delegação e teve voto determinante para a saída do comandante.