
Não é somente na idade que se define a experiência de alguma pessoa. Isso se dá, principalmente, pelo conhecimento ou aprendizado obtido através de suas vivências. Victor Golas, goleiro do Caxias, 34 anos, é um exemplo disso. Ele já morou e trabalhou em diversos países, conheceu muitas culturas e apresenta uma bagagem intelectual diferenciada.
Em Portugal, atuou pelo Sporting, FC Penafiel, Real, Boa Vista e Braga. Na Bulgária jogou pelo Botev Plovdiv. Na Lituânia defendeu o o FK Panevezys. Experiências que resultaram numa tripla cidadania ao profissional, ou seja, é legalmente reconhecido como cidadã de três países.
— Eu tenho a (nacionalidade) brasileira de nascimento, a polonesa através da minha família e a portuguesa por tempo de permanência em Portugal. Eu fiquei nove anos lá. Então, tanto a Polônia como a Portugal pertencem à União Europeia, então esses países que não que tem limite de estrangeiro pra cidadãos que não são europeus da União Europeia. Nesses lugares, eu posso jogar como comunitário. Eu joguei na Bulgária, na Sérvia, Portugal não tem limite de estrangeiro, mas a inscrição é diferente de quem tem a cidadania e quem não tem. São poucos os países da Europa que não tem esses limites de estrangeiro e em todos esses, a minha cidadania abre portas para que eu possa jogar nesses lugares — comentou o goleiro do Caxias, em entrevista à Rádio Gaúcha Serra, no Show dos Esportes.
As passagens pelos clubes europeus resultaram em grandes experiências no esporte.
— Eu sou uma pessoa muito realizada. Joguei a Liga Europa. Cheguei para jogos da Liga dos Campeões. Oitavas de final contra o Bayern de Munique. Pelo Sporting. A gente vivia muito essa atmosfera de Liga dos Campeões. Liga Europa. Como eu disse. Joguei no Mundo Árabe. Joguei no Leste Europeu. Joguei na parte da Europa mais central. Mais periférica da parte de Portugal. Espanha. Eu sou uma pessoa muito agradecida. Muito realizada pela minha carreira. Que ainda, se Deus quiser, tem alguns anos. Muitos anos pela frente — agradeceu o goleiro.
Antes de se tornar um técnico multicampeão no Palmeiras, Abel Ferreira foi jogador profissional em Portugal por 13 anos. Ele era lateral-direito. Victor Golas jogou com o treinador nessa época.
— Uma história que me marcou bastante é com o Abel. Um cara muito culto, taticamente, mas, tecnicamente, normal. Só que ele sempre supriu fisicamente e taticamente. Desde aquele tempo, ele já era muito inteligente. E ranzinza. E daí ele vira treinador, e eu pego ele como treinador. E uma final da Taça de Honra, que é a competição mais antiga de Portugal, eu joguei a final, fomos pros pênaltis, e ele me tira e coloca um goleiro mais novo pra tentar pegar os pênaltis — relembrou Golas, que finalizou:
— Eu fiquei com uma cara. Como que eu vou ficar sorrindo? E o menino não pegou nenhum pênalti ainda. Sorte que chutaram pra fora e a gente foi campeão. E daí na hora da comemoração e tal, vai fazer oração lá, ele olha pra mim e falou que estava me vendo, que estava observando minha reação. Aí eu falei: "poxa, professor, você quer que eu fique de que jeito? Se eu dou risada, eu não estava nem aí. Se eu não ficasse bravo, é porque eu não tinha sentido, que eu não tinha me importado, né? E daí meio que a gente teve um "atritozinho", mas coisa normal. E daí eu saí do Sporting, eu vou pro Braga, chego no Braga, quem é o treinador é ele. Então, coisa do futebol — finalizou.