
O ano de 2025 é o da superação para um atleta do Juventude. Depois de despontar bem na equipe quando foi contratado em meio à Série B do Brasileiro de 2023, Gabriel Taliari passou a conviver com problemas de lesões no joelho que o tiraram de campo em boa parte da temporada passada.
Em 2025, ele acumula sete partidas e, diante do Grêmio, na semifinal do Campeonato Gaúcho, voltou a atuar os 90 minutos de um jogo depois de 15 meses.
— Passa muita coisa na cabeça, pelo ano que a gente pretendia fazer e acaba não fazendo, pelo tempo de ficar parado, você não conseguir fazer o que ama. Mas tem que ter muita resiliência, muito foco pra não deixar se abalar, porque o mental atrapalha muito — revelou o atacante em entrevista ao Show dos Esportes, da Gaúcha Serra.
Plenamente recuperado, Taliari atualmente é o titular da camisa 9 do time de Fábio Matias. Gilberto ainda se recupera de uma lesão na coxa, e a direção ainda encontra dificuldades para contratar um novo centroavante no mercado.
— É importante que venham mais jogadores para nos ajudar. O campeonato é muito difícil. A gente sabe da qualidade dos times. Vai ser um ano muito difícil novamente. Mas, eu tenho uma grande esperança no nosso grupo — avaliou o jogador.
Reencontro marcado

A estreia alviverde no Brasileirão será no dia 29, diante do Vitória, no Alfredo Jaconi. O estádio alviverde tem sido uma verdadeira fortaleza. Dentro de casa, a equipe somou oito das 11 vitórias na edição passada da competição nacional, além de estar com 100% de aproveitamento nos cinco jogos que disputou na atual temporada.
— É diferente jogar aqui no Jaconi. Ano passado, dificilmente a gente perdia pontos aqui. Eu, na verdade, prefiro começar jogando em casa. Temos o nosso torcedor, a gente sabe da nossa força jogando no Jaconi. Temos tudo pra fazer um grande jogo e já começar bem o campeonato — admitiu Taliari, que projetou o reencontro com seu ex-técnico Thiago Carpini, hoje na equipe baiana:
— O Carpini teve uma conversa comigo antes de vir pra cá. Isso ajudou bastante, porque eu tinha outras propostas de Série B. E aí, quando ele entrou em contato, ele já tinha tentado me levar pro Água Santa, e por outros motivos não deu certo. Então, eu sou muito grato por ele ter me dado a oportunidade de vir pra cá.
"Muitas vezes pensei em desistir. Chegou uma hora que estava com 15 ou 16 anos em casa, e não tinha nem time"
Aos 27 anos, Taliari chegará à disputa de seu segundo Brasileirão consecutivo. Algo que não é tão fácil de ser alcançado pela maioria dos atletas que passam por dificuldades na carreira.
A família do atacante foi determinante na construção de sua trajetória no futebol. Oriundos da modesta cidade mineira de Arceburgo, a quase 450km da capital Belo Horizonte, os pais de Taliari enfrentaram inúmeras dificuldades para dar todo o suporte ao filho no futebol.
— Minha família toda é de Minas. Meu pai, Luiz Carlos, atualmente administra a Taliaris Gourmet, casa de eventos que faz pizzas e outros lanches. Minha mãe, a Edna, e meus três irmãos, trabalham lá. E eu decidi jogar futebol. Foi difícil também sair de lá, uma cidade pequena, com poucas oportunidades.
Taliari ainda lembrou todo o esforço do pai para que ele pudesse treinar e revelou que até pensou em abandonar o futebol.
— Na época, meu pai também não tinha muitas condições para me levar aos treinos, então dependia muito do apoio de outras pessoas. Muitas vezes pensei em desistir. Chegou uma hora que estava com 15 ou 16 anos, em casa, e não tinha nem time. Fui para um projeto em Atibaia-SP. Normalmente o pessoal pagava os meninos para ficar nesse projeto, só eu que não pagava — apontou Taliari, que ainda completou:
— Me levaram pra ficar nesse projeto em um CT de um clube da quarta divisão. A gente fez um amistoso contra o Esporte Clube São Bernardo, e acabaram gostando de mim. Joguei o campeonato da última divisão com 17 anos. Depois do campeonato fui para o Capivariano, que era detentor do meu passe até bem pouco tempo.
E todo o esforço da família, a superação com as lesões no joelho valeram a pena. Taliari é um atleta afirmado no Juventude, e uma peça importante no esquema de Fábio Matias. Ele pode atuar como atacante pelos lados do campo, mas onde rende mais é como falso 9.
— Valeu a pena todo esforço. Teve época que meu pai fez uma rifa, tipo almoço para juntar dinheiro para poder me levar para os lugares. Tinha um empresário da cidade, o Michel, que ajudava também com o dinheiro pra gasolina. Eu ainda fui fazer um intercâmbio fora do país e meu pai teve que fazer tipo um evento de pizza pra juntar dinheiro. Foi aí que ele começou a fazer e a vender. Então, acho que valeu muito a pena todo esforço— apontou Taliari, que finalizou:
— Agradeço também a minha esposa, a Paloma, que hoje está comigo, nos momentos difíceis também, nas lesões que eu passei. Ela estava ao meu lado em todos os momentos, dando força. Hoje estou usufruindo de tudo isso.