O mandato do único presidente que conquistou um acesso nacional pelo Caxias está chegando ao fim. É hora de passar a cadeira adiante. Depois de dois anos, Mario Werlang deixará a presidência do grená nesta segunda-feira (23), data da aclamação da nova gestão do clube junto ao Conselho Deliberativo.
Em dois anos, além da conquista inédita em 2023, o Caxias foi vice-campeão gaúcho em 2023 e conquistou o título do Interior em 2024. Além disso, classificou o clube para duas edições da Copa do Brasil, incluindo a do ano que vem. A principal dificuldade foi a volta do Caxias à disputa da Série C, com a equipe se salvando do rebaixamento apenas na penúltima rodada.
Caberá agora ao membro do Conselho de Administração, Roberto de Vargas, seguir à frente da quarta potência do Rio Grande do Sul, como definiu Werlang:
— Nós colocávamos lá atrás que nós tínhamos que voltar a ser o quarto do Estado. Hoje eu acho que está consolidado. O Caxias é a quarta força do Estado. Então, agora os desafios são maiores.
Mas antes de passar adiante o bastão para Roberto de Vargas conduzir o Caxias no biênio 2025-2026, Werlang lembrou os momentos mais marcantes à frente do grená, em entrevista ao Show dos Esportes, da Rádio Gaúcha Serra.
Confira os principais trechos:
Sofrimento até o fim na volta à Série C
— Acho que nós sofremos muito além da conta, pelo tamanho que o Caxias é, independente de estar retornando para a Série C, mas temos 17 participações. Não dá para arrumar desculpa de falta de experiência. Nós tivemos dois hiatos na nossa preparação. Um entre o Campeonato Gaúcho e o início da Série C. E o outro eu coloco como fundamental, que foi o de parar depois da segunda rodada (pela enchente no RS) e voltar com cinco rodadas a menos. A grande questão é que nós não conseguimos nos preparar.
Investimento e elenco insuficientes?
— Nós fizemos seis contratações a mais no final e tivemos um incremento no orçamento em torno de 20%. A folha do Caxias estava na média da Série C, muito parecida com a do Ypiranga. Acho que não foi só erro de contratação, foi todo um contexto que o Caxias demorou a encaixar. O nosso orçamento esse ano gira em torno de R$ 15 milhões e a nossa folha no Gauchão subiu em torno de 30%.
Pacto com Paulo Cesar Santos, vice de futebol
— Ele foi corajoso e chegou a pedir para sair mais de uma vez. Dizia que se o problema era ele, estava fora. Eu disse, não, o problema não é você; está do meu lado e vai ficar, vai caminhar comigo até o final. Ele é um vencedor, um cara que segurou o rojão sempre e eu jamais iria abandonar alguém ou tentar resolver um problema criando outro.
Momento inesquecível
— O mais gratificante foi o acesso. O jogo lá no Rio. Depois de todos esses anos, conseguir o acesso da D para C. A agonia de todos nós no dia anterior ao jogo contra a Portuguesa. Antes da palestra da sexta-feira à noite nós tínhamos prometido um bicho extra para os jogadores. Anunciamos o bicho extra. Os jogadores todos satisfeitos. Voltamos para o saguão do hotel. Estávamos em quatro ou cinco dirigentes. E veio aquele troço na cabeça. Nós precisamos subir. Nós temos que voltar lá e oferecer mais dinheiro. Mas nós não temos mais dinheiro para oferecer. Vamos tirar de onde? Ficou uma discussão. E nós não aumentamos porque não tínhamos como aumentar (risos).
Dias de maiores tensões
— Foi quando eu demiti o Gerson Gusmão. A torcida estava querendo invadir o estacionamento. Até depois houve uma cobrança muito forte de que eu demiti o Gusmão sem conversar com ele. Na verdade, a gente teve uma conversa. Para mim, o Gerson foi um dos grandes técnicos que passaram pelo Caxias.E hoje a gente vê que a atitude foi correta. E tem também o empréstimo do Estádio Centenário ao Inter em 2023, talvez seja um momento até mais crítico. E como o mundo dá voltas. Nós tivemos com o diretor de competições da CBF, o Júlio. E ele voltou com esse assunto. E agradeceu. Assim como esse ano de novo cedemos para o feminino de Grêmio e Inter.
Recado ao torcedor
— Quando nós começamos a gestão nós tínhamos 1.600 sócios. Batemos na casa dos 5 mil. Continue apoiando que vai vir coisa melhor. O Caxias está se preparando que nem quando se constrói uma casa. Para ela ficar bonita no final dá muito trabalho, mas tem que ter a colaboração de todos.
Conselho ao novo presidente
— Tem que ter calma nos momentos difíceis para decidir e persistência para conseguir os objetivos.