O momento no Rio Grande do Sul ainda é de preocupação. Os impactos causados pela chuva no Estado modificaram por completo a vida de milhares de famílias. E muitas delas seguem desabrigadas. Por isso, não havia mais clima para a realização de partidas de futebol dos gaúchos nas competições nacionais e a CBF acabou confirmando o adiamento dos jogos da dupla Ca-Ju pelas Série A e C do Campeonato Brasileiro, e da Copa do Brasil, para o Verdão até o dia 27 de maio.
Em entrevista ao Pioneiro, o meia Nenê falou que não havia ambiente para que os confrontos ocorressem.
— É difícil até de falar, né? Realmente, acho que temos que focar agora em tentar ajudar o máximo possível os afetados, as famílias das vítimas e colocar todo mundo em segurança, em primeiro lugar, porque hoje a vida vale mais do que um gol, um espetáculo. O futebol está em segundo plano — destacou o camisa 10 na manhã desta quarta-feira (8).
E os atletas não vivem em um mundo à parte. Pelo contrário, alguns jogadores e profissionais da base alviverde, além de funcionários do clube, ficaram ilhados, perderam a casa e convivem com as incertezas deixadas pela tragédia.
— Ficamos angustiados, parece que a gente se sente impotente por não estar podendo fazer mais coisa. Ficamos olhando, não tinha como descer para ajudar também nesses resgates, ou tentar algo. Estamos ajudando como a gente pode. Os nossos torcedores também, todo mundo involucrado nessa situação de emergência, doando os alimentos, água, roupas. Ficamos um pouco de mãos atadas, mas, com certeza, fica essa angústia de estar podendo fazer o que der para a gente estar ajudando.
Hoje a vida vale mais do que um gol, um espetáculo. O futebol está em segundo plano.
NENÊ
Meia do Juventude
Os atletas alviverdes fizeram parte da corrente solidária, se reuniram e compraram alimentos, cestas básicas e produtos de limpeza para os atingidos pela chuva em Caxias do Sul. A iniciativa também contou com o apoio da comissão técnica e staff do clube.
E Nenê foi além: o craque está organizando uma rifa ao valor de R$ 10 cada número que dará ao ganhador do sorteio a camisa de seu jogo número 1.000, completado no confronto de ida da final do Gauchão 2024, diante do Grêmio, no empate sem gols no Alfredo Jaconi.
Dos cinco mil números, pouco mais de 2.100 ainda estavam à disposição até às 11h desta quarta-feira. Ao todo, a ideia é que se arrecade R$ 50 mil, quantia que servirá para que se adquirem alimentos e produtos de higiene e de limpeza a serem distribuídos. E para quem quiser ficar com um número ou mais, basta clicar aqui.
— Depois vamos ver como que a gente vai utilizar o valor, para qual área, qual município, qual produto que a gente vai doar e, realmente, é uma coisa que vai poder estar ajudando bastante gente — destacou Nenê.
Campanha para paralisar campeonatos
O meia do Juventude comentou ainda sobre a ideia de mobilizar os capitães dos times da Série A do Brasileiro para que a competição seja paralisada, e não apenas os jogos envolvendo clubes gaúchos.
— É, eu acho que teria que paralisar o campeonato todo, né? Vamos ficar praticamente um mês, ter que fazer pré-temporada, e eu acho que isso vai além da situação, que o principal é o foco em ajudar, como disse o presidente do Grêmio ontem, a questão é de sobrevivência, mas também no nível técnico. Eu acho que o campeonato vai ficar muito desnivelado e injusto, até porque vamos estar sem jogar e os outros times não — apontou o craque, que ainda emendou:
— Já tivemos conversa ontem (terça-feira) com alguns jogadores e disseram que eles não estão na nossa pele, digamos assim, que não estão perto da situação, vivendo realmente isso. Então, com certeza, o que a gente puder estar direcionando, e alguns já estão de acordo ou tentam fazer alguma coisa para que possamos ajustar isso daí, tentar a paralisação, pois eles estariam conosco.
Nenê ainda revelou como vão ser difíceis os próximos 20 dias sem jogos, pois a mente de todos estará voltada às vítimas da tragédia climática no Estado.
— A gente não tem nem vontade de estar vindo trabalhar. Mas no momento que estivermos dentro do campo, claro, vamos estar tentando não perder muito na parte física, porque realmente vai ser difícil pra nós, pelo ritmo de jogo que vamos perder. Então, é trabalhar, acatar o que a comissão técnica está fazendo para que perdemos o menos possível fisicamente.