
O empate no clássico Ca-Ju teve um sabor de vitória no Estádio Centenário. Não que o Caxias tenha dado um salto na tabela de classificação. Pelo contrário, a equipe precisa vencer o Avenida, neste sábado (24), para encaminhar a classificação entre os oito melhores da competição. Mas a mudança de ambiente no clube com a chegada do técnico Argel Fuchs devolveu a confiança ao grupo de atletas.
— Nós já estávamos confiantes antes mesmo do clássico. Por eu já ter trabalhado com o Argel no Goiás, já sabia que ele era um cara sanguíneo. Ele chegou dando moral pra todo mundo e abraçou toda equipe — avaliou o volante Elyeser, em entrevista ao Show dos Esportes, da Rádio Gaúcha Serra.
O volante foi eleito pela equipe da Gaúcha Serra como o melhor em campo no clássico 288 do Alfredo Jaconi. Ele revelou como, em tão pouco tempo, o treinador mudou a forma de jogar da equipe. Afinal, foram apenas dois treinos antes da partida da segunda-feira.
— A nossa mente é um ótimo carona e um péssimo motorista. Se você deixar ela te conduzir pras coisas boas, você vai embora. Se deixar conduzir por coisas ruins ou te abater, você não vai conseguir. O Argel mudou nossa mentalidade. A gestão dele com os funcionários, com a direção, tirou todo mundo da zona de conforto — apontou Elyeser, que ainda ressaltou:
— Ele sempre marcou fazendo pressão alta, e nossos jogadores têm essa característica pra impor ritmo de jogo. Na apresentação dele, disse que já havia enfrentado o Roger algumas vezes e sabia como jogavam os times dele. Por isso, optou por fazermos uma pressão na saída de bola. Quando ela estivesse com o goleiro, estávamos em cima pra eles não saírem jogando. E em alguns vídeos que o Argel nos mostrou, os dois zagueiros do Juventude (Danilo Boza e Zé Marcos) deixavam espaços nas costas. O Argel foi muito inteligente. Deixamos a bola com os dois zagueiros pra eles saírem bastante e, quando a gente roubava, foi justamente onde o Gabriel Silva pegou a bola e fez o gol.
Elyeser ainda fez questão de lembrar da importância do trabalho do antigo técnico. Até porque, foi Gerson Gusmão quem conduziu o clube ao inédito acesso nacional, da Série D para a C do Brasileiro, no ano passado.
— Cada um tem sua qualidade. O Gerson é um ídolo do clube. Passaram "milhões de treinadores" aqui no clube e ninguém conseguiu o acesso. Ele tem o nosso respeito. O Argel elogiou o trabalho que ele deixou e a pessoa que é. Mas um ciclo se encerrou e agora temos que abraçar o Argel e entender imediatamente o que ele quer passar pra gente — destacou.
Velha função, novo momento

A atuação de destaque de Elyeser no clássico Ca-Ju não foi por acaso. Diante do Juventude, o volante voltou a exercer sua função de origem.
Está vindo uma nova revolução aí. Não quero queimar minha língua para o jogo de sábado, mas a confiança voltou.
ELYESER
Volante do Caxias
— Sempre fiz o box to box (volante que faz a ligação entre a parte defensiva e a ofensiva do meio de campo). Quando a equipe está em dificuldade e o treinador pede pra fazer outra função, no meu contrato não está claro que tenho que ser esse box to box. Pra minha equipe, sempre vou me dedicar ao máximo. Já joguei de 5, de camisa 8, mas o Argel disse quando chegou que me queria na minha posição. Ele não pensa pequeno, tem muita identificação com o Grená. Sempre falo que talento não é suficiente pra jogar no Caxias, tem que se sacrificar — lembrou o volante.
A motivação de Elyeser com a virada de expectativas do Caxias desde o clássico é tamanha que o jogador fez uma afirmação definitiva:
— Está vindo uma nova revolução aí. Não quero queimar minha língua para o jogo de sábado, mas a confiança voltou. A diretoria sempre acreditou em nós, mas dá pra ver que está todo mundo com o queixo pra cima, não por soberba ou vaidade, mas por orgulho. Até o torcedor percebeu que esse é o Caxias que ele quer ver em campo da qui pra frente e tenho certeza que eles vão ter.