
Ele nem sempre esteve na cara do gol. O mundo da culinária perdeu um pizzaiolo e a família um vendedor de flores. Quem ganhou foi o Juventude. Último reforço contratado para a disputa da Série B, Gabriel Taliari, de 26 anos, tem sido peça importante na reta final da competição. Neste sábado (7), o desafio será contra o Tombense, às 15h30min, no Almeidão, em Tombos.
O atleta foi contratado depois de uma passagem pelo CSA, da Terceira Divisão, para disputar as últimas 12 rodadas pelo Verdão. Com dois gols e muita movimentação em campo, o jogador revelou detalhes de como se adaptou rapidamente à equipe durante entrevista ao Show dos Esportes, da Rádio Gaúcha Serra.
— É um momento muito bom do clube. Até falei na minha apresentação que tinha pouco tempo pra me adaptar, por isso estou muito feliz por estar podendo ajudar o clube. O pessoal me recebeu muito bem, o que facilitou a minha ambientação — destacou o camisa 19.
E logo de cara, Taliari chegou com a missão de substituir o artilheiro do Ju, Rodrigo Rodrigues, que havia sido negociado. Além disso, o substituto, o centroavante Erick Farias, estava lesionado. Fábio Gomes também havia sido liberado pelo clube. Coube a Taliari suportar a pressão.
— Não é fácil substituir o Rodrigo. Ele vinha fazendo um grande campeonato, era uma referência dentro do grupo. Faço outras funções dentro de campo. Temos estilos diferentes. Sou um cara de mais mobilidade — resumiu o jogador.

Para ser um atleta de drible curto e com rápido raciocínio, Taliari revelou que atuou dos sete aos 16 anos no futsal.
— Não tive muita base. Com 16 anos, cheguei no profissional do São Bernardo, na última divisão do estadual. O futsal me ajudou muito a formar alguns movimentos e no meu estilo de jogo. Desde pequeno atuava nas quadras.
Bons professores
E para se tornar um atleta versátil, ele contou com a ajuda de dois técnicos que já treinaram o Juventude em épocas distintas.
— Trabalhei com o Roberval Davino, no Capivariano-SP, clube que detém meu passe; e com o Picoli, que também me usou em outras funções. O Roberval foi o primeiro técnico a me colocar como falso 9 e, no primeiro ano, acabei indo muito bem e me transferindo para o Athletico-PR. No Ituano, atuei muito como camisa 10. No início, não fazia muitos gols, até que com o Picoli, em 2017, comecei a me destacar um pouco mais, atuando mais próximo do gol.
Não tive muita base. Com 16 anos, cheguei no profissional do São Bernardo, na última divisão do estadual. O futsal me ajudou muito em formar alguns movimentos e no estilo de jogo.
GABRIEL TALIARI
Atacante do Juventude
As atuações de Taliari na Série C chamaram a atenção do técnico Thiago Carpini que indicou o atleta à direção alviverde. E em quatro jogos pelo Ju, Taliari marcou dois gols, o primeiro, de pênalti, diante de seu ex-rival, o CRB.
— Foi muito especial. Tinha treinado pênaltis com o Alan, mas já estava definido que seria eu o cobrador. Agora ele tá fazendo bastante gols (risos). Não imaginava que ia bater, porque o Alan pegou ela, mas logo ele passou a bola pra mim.
A vida fora das quatro linhas
Nem sempre Gabriel balançou as redes. Nascido em Mococa, no interior de São Paulo, mudou-se muito cedo com a família para a cidade vizinha, Arceburgo, em Minas Gerais, distante cerca de 15 quilômetros. E lá, Taliari viveu momentos inesquecíveis com a família.
— Meu pai a cada hora inventava uma coisa. No Dia de Finados, vendia flores no cemitério. E nós, os quatro irmãos, no Dia de Finados, e na véspera, íamos no cemitério, acordávamos às 5h, porque a missa era cedo; e vendíamos as flores. Escutei cada coisa no cemitério. Diziam que nós vendíamos as flores e depois voltávamos no cemitério pegá-las pra vender de novo. Sou um cara medroso, se pegasse as flores não ia conseguir dormir (risos).
O atacante ainda revelou que se não fosse jogador de futebol estaria trabalhando na pizzaria com o pai, em Arceburgo-MG.
No Dia de Finados, vendia flores no cemitério. E nós, os quatro irmãos, no Dia de Finados, e na véspera, íamos no cemitério, acordávamos às 5h, porque a missa era cedo e vendíamos as flores.
— Meu pai tinha o mercadinho dele. Depois acabou fechando o negócio e agora já faz uns cinco ou seis anos que está com a pizzaria em Arceburgo-MG. Minha família toda trabalha lá, então provavelmente estaria lá também — apontou Taliari, que ainda comentou sobre a culinária de Caxias:
— Falam muito bem do galeto na cidade. Comi uma vez e gostei bastante. O pessoal no Ju fala que já está enjoado, mas como cheguei faz pouco tempo, estou adorando. Provei no hotel quando cheguei a sopa de capeletti , mas não gostei. Ainda não provei as pizzas da região, preciso até de uma indicação pra comparar se é tão boa quanto as do meu pai — brincou.
Com a leveza de quem vive um bom momento e, ao mesmo tempo, com a responsabilidade de fazer valer seu curto contrato com o clube, Taliari estará em campo no comando de ataque do Ju neste sábado (7), às 15h30min, diante do Tombense.
— Um confronto muito difícil pela logística e pelo time. Assisti a partida com o Vitória, dificultaram bastante. Independente da situação que eles estão na competição, vão querer buscar um resultado positivo pra sair dessa situação. Quero ajudar, independente de estar fazendo gols, com assistências, pra conquistarmos o grande objetivo do ano que é o acesso.