Caxias do Sul irá receber delegações de 79 nações na 24ª edição das Surdolimpíadas de Verão, que ocorrem a partir de 1º de Maio, mas entre elas não estará uma potência surdolímpica. A Rússia foi excluída da competição devido à invasão na Ucrânia e deixou de trazer 500 atletas, a maior delegação dos Jogos. Outra ausência será a Bielorrússia, que traria 80 competidores para Caxias do Sul.
A única pessoa a vir da Rússia, que iniciou o conflito no dia 24 de fevereiro, é o CEO do Comitê Internacional de Esportes para Surdos (ICSD), Dmitry Rebrov. Desde 2014 na entidade que organiza o mundo esportivo dos surdos e ex-integrante do Comitê das Pessoas com Deficiência da ONU, Rebrov está em Caxias do Sul para ajudar nos últimos detalhes e conferir o evento que terá seu encerramento no dia 15 de maio.
Com a ajuda dos intérpretes Marcelo Amorim e Cristiane Casara, o Pioneiro conversou com o mandatário que elogiou a persistência dos dirigentes caxienses em lutar pelo evento, disse se surpreender com o número de inscritos e lamentou a não participação dos russos que tradicionalmente ficam em primeiro lugar no quadro geral de medalhas.
O que significa trazer o evento pela primeira vez à América Latina?
— Somos muito gratos ao Gustavo Perazzolo (caxiense, presidente do ICSD) que levou a proposta ao Comitê, mesmo sabendo das dificuldades, e persistiu para que as Surdolimpíadas fossem realizadas em Caxias do Sul. A luta política foi muito intensa e ele se manteve firme no projeto, mesmo enfrentando oposições. Me deixa admirado a quantidade de africanos que virão ao Brasil. Talvez pela proximidade, conseguimos atrair esses atletas.
Do que pôde conferir até agora, a estrutura disponível para os Jogos está de acordo?
— Estou gostando muito do que estou vendo, o que vi até agora é tudo muito positivo. É importante pensar que somos 79 nações a competirem, infelizmente o boliche precisou ser cancelado devido ao alto investimento, entendemos que não é tão cultural aqui no Brasil como em outros países, mas já está definido que faremos a competição da modalidade em outubro, na Malásia. Os vencedores ganharão as mesmas medalhas da Surdolimpíada.
Qual o impacto de não ter a delegação russa no evento?
— Não só a Rússia, mas também a Bielorrússia, seriam 580 pessoas a mais. Na minha percepção, deveríamos deixar os espaços da política e do esporte desvinculados. É uma questão política, na Polônia por exemplo, se a Rússia participasse da Surdolimpíadas o governo não daria verbas aos atletas e não financiaria a sua participação, então é bastante política. A Rússia é uma potência, agora será um bom momento para outros países se destacarem, espero que nos próximos eventos tudo isso se dissolva e os atletas possam voltar a competir.