Território autônomo na região sudoeste da China, a ex-colônia britânica Hong Kong está a quase mil quilômetros de Wuhan, epicentro do coronavírus, e vê apenas neste final do mês de março o número de casos da pandemia crescer. Lá estão Mikael Severo, meia do Caxias em 2018, e o vila-florense Maicon Santana, atacante grená em 2011, jogadores do Yuen Long, nono colocado na Premier League local.
Apesar da proximidade, Hong Kong conseguiu inicialmente evitar um grande número de casos, graças ao comportamento das pessoas, que usam máscaras, lavam as mãos e respeitam as medidas de isolamento social. Entretanto, nos últimos dias os números de casos aumentaram, principalmente pelos estrangeiros que chegaram ao território em fuga da pandemia na Europa e na América do Norte. Estes, agora, receberam uma pulseira e sua quarentena é controlada.
– Hong Kong é uma cidade independente e tem suas próprias regras. Então, o governo agiu rapidamente na prevenção e nas orientações. Porém, com o retorno de algumas pessoas que estavam na Europa, os casos aumentaram – explica Maicon Santana.
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Assim como na maior parte do mundo, as atividades esportivas em Hong Kong estão paralisadas. No futebol, alguns jogos foram realizados de portões fechados. Contudo, devido ao crescimento da pandemia, as atividades foram momentaneamente encerradas.
– Houve uma primeira onda em janeiro, onde tudo começou. E como era o período de ano novo chinês, os jogos já estavam paralisados. Voltamos a jogar de portões fechados, mas agora tudo parou de novo, pelo menos até a metade de abril – disse Mikael, que também destaca a metidas de prevenção adotadas por Hong Kong.
– Estamos a mais ou menos mil quilômetros de Wuham, um pouco distante do ponto forte da pandemia. Mas o país está fechado para estrangeiros e quem chega de fora vai imediatamente para quarentena. O cuidado é grande e a higiene vem sendo rigorosa. Inclusive a Disney foi fechada.
O governo do território autônomo asiático implementou rapidamente medidas restritivas de distanciamento social devido à pressão de profissionais de saúde para fechar a fronteira com a China no início do surto. As medidas incluíram o fechamento de escritórios do governo, escolas e a ordem para que funcionários públicos trabalhassem de casa.
– A vida segue normal. O povo continua trabalhando, ou fazendo as suas coisas, mas com os cuidados necessários, como evitar aglomeração. As escolas estão fechadas e minha filha está tendo aula online – conta Maicon Santana, que também destaca como vem sendo os treinamentos no Yuen Long:
– O clube vem tendo todo o cuidado possível, passando treinos para que os jogadores executem em casa e fiscalizando por um aplicativo.
Diferente do atleta de futsal Fábio Poletto, que foi liberado pelo Mantova Calcio a 5 e retornou para Garibaldi, os jogadores do Yuen Long não pretendem deixar Hong Kong e retornar ao Brasil, embora as indefinições.
– Nesse momento é delicado voltar ao Brasil, principalmente por estar em contato com outras pessoas em aviões. Então tenho mantido contato com meus pais e meu irmão via internet, para que eles também possam ter os cuidados necessários e também vencer essa batalha – disse Santana.
– Eu e minha esposa não pretendemos voltar para o Brasil sem que haja uma necessidade, ou definição do clube. Estamos na espera – comentou Severo.
Com passagens por diversos clubes do futebol gaúcho, Mikael Severo chegou ao continente asiático na metade do ano passado. Ele vestiu a camisa do Caxias em 2018, durante a disputa do Campeonato Brasileiro Série D.
Artilheiro da Divisão de Acesso pelo Juventus, de Santa Rosa, em 2011, Maicon reforçou o Caxias para a Série C daquele ano. Ele é irmão do volante Mateus Santana, ex-Juventude.
Também estão em Hong Kong os ex-grená Cleiton, meia, e o centroavante Lucas Silva, o Imperador do Vale.