Num momento de tantas discórdias sobre ter ou não dos estaduais, para um determinado jogador essa competição foi um divisor de águas. Há pouco mais de um ano, ele estava prestes a largar o mundo da bola e hoje veste a camisa 1 do Juventude.
Esse giro de 360º foi justamente na conquista do Gauchão de 2017. Do desacreditado Novo Hamburgo do ano passado, virou campeão e se tornou destaque alviverde na Série B. Em 2018, ele poderá ser protagonista no Alfredo Jaconi.
— Foi o campeonato que me abriu as portas. Onde consegui ter uma sequência de jogos, títulos pessoais e o título maior do campeonato em si. Se algo aconteceu no decorrer do ano e a própria vinda ao Juventude, foi pelo Campeonato Gaúcho — afirma o goleiro Matheus Cavichioli.
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Pouco depois de sair do Inter de Santa Maria, há dois anos, o goleiro não via mais prazer em jogar. Queria abandonar, mas se deu mais uma chance com a proposta do anilado do Vale dos Sinos. Tudo mudou. De lá para cá conheceu algo normal para todo trabalhador, mas entranho para sua carreira.
— Após 10 anos de profissão, o Juventude me proporcionou conseguir sair de férias. Nunca consegui ter férias na minha vida. Foi tudo graças a esse ano — lembra Matheus Cavichioli, que complementa sobre a relação com o clube alviverde:
— É respeito. Um sentimento de querer retribuir da melhor maneira possível para a equipe, a entidade e o torcedor. Não vamos agradar sempre e não sei se vou ter o mesmo desempenho do ano passado, mas não faltará entrega.
Com esse jeito de ser, tranquilo na conversa e muito ativo dentro de campo, Matheus se tornou uma referência do Ju. Aos 31 anos, ele também é o cara que poderá passar aos colegas, junto do volante Amaral — também campeão pelo Noia —, quais são os caminhos do título.
— Trabalho. Não tem outra receita. Quando achar que não aguenta mais, corra mais. Quando achar que está com dor, vá até estourar. Quando achar que o cara do teu lado não está te ajudando, ergue ele no grito para que volte a ajudar. Sempre com muito respeito a todos, independente do adversário. A única diferença é a cor e a história que o clube tem, além das cifras que estão envolvidas. Querendo ou não, tudo se resolve dentro de campo, no 11 contra 11. O caminho é esse — avalia.
Na segurança das mãos do goleiro e da experiência de quem já levou o título Estadual, o Juventude começará 2018 sonhando em repetir 1998. Levantar a taça depois de 20 anos. E esse caminho começa quarta-feira, no Estádio Bento Freitas, contra o Brasil-Pel.