Rivais dentro de campo, a dupla Ca-Ju deu exemplo de união e solidariedade na tarde deste domingo, em Caxias. O motivo da total harmonia entre as torcidas foi Adriano Wulff Bitencourt, 45 anos, que é uma das vítimas da tragédia do voo da Chapecoense. O segurança trabalhou no Juventude e no Caxias antes de ir para o time catarinense. Com família em Caxias, Bitencourt foi sepultado na cidade, por volta das 17h30min.
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As homenagens dos caxienses começaram por volta das 16h. Um caminhão do Corpo de Bombeiros liderou o cortejo que durou cerca de 1h30min. Das Capelas Cristo Redentor, onde era velado, o corpo de Bitencourt foi levado para o Centenário, estádio do Caxias, pela Rua Bento Gonçalves. Bandeiras da dupla Ca-Ju estavam erguidas no veículo, enquanto as torcidas da dupla percorriam, juntas, a caminhada. Cantos de "vamos, vamos, Chape" eram entonados em boa parte do tempo.
– Penso que, em vida, o Adriano jamais teria essa dimensão que ele poderia ser um marco de união entre as torcidas Ca-Ju. Acredito que esse seja o legado dele: uma semente de harmonia que pode vir a florescer ainda mais – avalia Maurício Grezzana, presidente do Caxias.
Após a passagem pelo Centenário, o cortejo foi em direção ao Alfredo Jaconi, estádio do Juventude. A caminhada de torcedores e amigos, seguida ainda de dezenas de carros, passou pela Rua La Salle e pela Rua Ernesto Alves.
– O Adriano sempre estava de bem com a vida. Mesmo depois que saiu do Juventude, continuou se relacionando bem com todo mundo. Perdemos um excelente profissional e um excelente ser humano – destaca Roberto Tonietto, presidente do Juventude.
Em frente ao estádio Alfredo Jaconi, a torcedora Elça Berton, que conhecia Bitencourt, segurava um cartaz que dizia: "Caxias do Sul está em luto, como o mundo inteiro. Adriano guerreiro vai em paz":
– Ele era muito trabalhador, humilde. Mostrava competência em tudo que fazia – emocionou-se.
Entre os amigos e conhecidos que prestavam homenagens, muitos destacavam o bom humor e o lado humano de Bitencourt. Róger Luis Castro da Silva era roupeiro e segurança do Caxias no mesmo período em que "Bafão", como era conhecido:
– O Adriano foi quem conseguiu o emprego no Caxias pra mim. Ele me viu na rua, um dia, chorando porque não conseguia uma oportunidade, e disse: "desce lá que a gente arruma alguma coisa". Ele foi meu professor no clube, me ensinou o ritual de deixar os uniformes etiquetados e também como se faz uma escolta... Era um cara incrível – resume Silva.
Depois de passar pelo Jaconi, Bitencourt foi levado ao Cemitério Parque, onde foi sepultado. Ele deixa a mulher e cinco filhos.
Despedida
Com homenagens da dupla Ca-Ju, Adriano Bitencourt é enterrado em Caxias
O segurança foi uma das vítimas da tragédia do voo da Chapecoense
Ana Demoliner
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