Cansado das viagens, quedas e esforço das provas off-road de moto, o piloto caxiense Gregorio Caselani decidiu abandonar a carreira em 2013. Então com 26 anos, ele já pensava em fazer outra coisa na vida quando o pai, Sidnei Azevedo, comprou um UTV e começou a participar de provas.
Para acompanhá-lo, Caselani continuou a andar de moto. Menos de três anos depois, o piloto atingiu, no final de semana, o auge da carreira: superando as mais otimistas previsões, ele conquistou o Rally dos Sertões, uma das principais provas do gênero no mundo.
– Agradeço muito ao meu pai, pois se não fosse ele, eu teria parado. Mas, para acompanhá-lo, eu retomei a carreira, depois passei a me preparar ainda melhor – salientou o piloto.
Sobre a prova, ele admite:
– Esperava ficar entre os primeiros mas vencer, realmente, era algo muito difícil. Não consigo nem dizer o quanto estou feliz – destacou o piloto, que já retornou a Caxias do Sul, onde comemorou o título com a família e alguns companheiros de equipe em um churrasco.
O maior adversário de Caselani era justamente o companheiro de equipe Jean Azevedo que, aos 42 anos, é ídolo de toda uma geração de motociclistas. Jean foi quem mais venceu etapas (quatro) este ano, porém, com problemas mecânicos, não terminou a terceira prova, foi punido e ficou apenas na 16ª posição.
Também da equipe Honda e candidato ao título, o paulista Tunico Maciel levou um tombo no segundo dia, perdeu vários minutos e praticamente deu adeus às chances de sagrar-se campeão. O quadro proporcionou uma situação impensável para Caselani: sem chances de título, Jean Azevedo passou a ser o mochileiro do gaúcho.
Na linguagem dos motociclistas, trata-se de um piloto de apoio, que não ultrapassa o piloto principal e, se for o caso, cede peças da moto para ele. Numa comparação, seria como estrelar um filme e ter como coadjuvantes Brad Pitt e Al Pacino.
– Foi algo que eu nunca pensei na vida. Mas nossa equipe é muito unida, o Jean é um sujeito sensacional e não tem estrelismo. Somos muito unidos, isso é algo maravilhoso – disse Caselani.
Em 2017, ele deve disputar o Brasileiro de Enduro. O título no Sertões alimentou no caxiense um sonho que ele tem desde que começou a andar de moto, aos oito anos: participar do Dakar. A conquista no Sertões o deixa em condições de pleitear uma vaga no time Honda.
– Nossa Senhora, seria um sonho! Cresci vendo os vídeos, as matérias na tevê, sempre fui grande fã. É difícil, mas depois dessa vitória, sei que qualquer coisa pode acontecer – afirmou o piloto.