Canções eternas, tão presentes na formação e na vida de um povo musical como o brasileiro: foram elas que conquistaram o público na profissionalíssima, criativa, high tech, sem pirotecnias e ecologicamente correta cerimônia de abertura da Olimpíada do Rio de Janeiro. As 3,5 bilhões de pessoas que assistiram pela TV devem ter gostado. Mas sem as 75 mil pegando junto no Maracanã, como se viu na apoteótica entrada da delegação verde-amarela e quando a pira foi acesa pelo carismático Vanderlei Cordeiro de Lima, nada feito.
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O presidente Michel Temer foi vaiado ao declarar abertos os Jogos, mas nada que tisnasse a festa. Ele passou o tempo todo nervoso na tribuna, prevendo o constrangimento. Ninguém arredou pé nas quatro horas de show, que teve no aplauso demorado a delegação dos refugiados um sopro de esperança na tolerância.
– O melhor lugar do mundo para se estar agora é o Rio! – exagerou o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzmann, na hora da parte chata, a dos discursos.
O ponto alto, midiático, foi Gisele Bündchen desfilando como uma classe indescritível na condição de Garota de Ipanema, em um vestido prateado e fendas na medida, que bem podem ser o nosso sorriso com tanta beleza. Ao piano, Daniel Jobim, neto de Tom, o criador da obra prima.
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Era a fase do Brasil Metrópole no roteiro de Fernando Meirelles, um cineasta disputado por atores e atrizes do mundo todo. Isso após a floresta ser recriada com recursos eletrônicos impactantes, em 3D. Até o mar apareceu no gramado, como ondas e tudo. O descobrimento, a chegada de outros povos colonizadores. Um a um, as fases do país entraram em campo.
E o 14 Bis, a grande invenção, voando pelo estádio? Eu mesmo alonguei o braço, mas não consegui tocá-lo. Tentei, juro. Quase. Passou perto. Minha posição de imprensa era no alto, quase no teto. Cumpri minha função cidadã. Quando Paulinho da Viola apareceu cantando o hino nacional, e lá pelas tantas os violinos caíram na batida do samba, teve gente se abraçando. O que pode ser mais carioca do que isso? Simples e bonito.
Falando em aquele abraço, a clássica de Gilberto Gil avisou qual seria o levada. O Maracanã virou um suave coral.
Não há festa de sucesso sem a interação da platéia. Foi só Jorge Benjor atacar de País Tropical que, meus amigos, virou salão de dança. Os brasileiros puxaram. Levantaram-se, cantaram e dançaram. Nas tribunas de imprensa, houve quem mexesse o corpo para lá e para cá, arrancando aplausos e incentivos dos estrangeiros. Alguns tentaram imitar. No encerramento, Caetano Veloso, Gil e Anitta misturaram o antigo com o novo, ao som de Ary Barroso. Estilos diferentes, sem preconceito.
Se você duvida que a cerimônia de abertura da 31 Olimpíada, a Olimpíada brasileira, cumpriu seus objetivos, vá até o seu Face, Twitter ou Instagram e conte quantas vezes a imagem de Gisele desfilando já foi repetida ao som da imortal e internacional Garota de Ipanema. Desta vez, ao menos na festa, depois de tantos micos de organização, não foi gol da Alemanha.
*ZHESPORTES