Uma cidade verde, amarela, preta e vermelha

Uma das cidades mais "alemãs" da Serra Gaúcha, Nova Petrópolis é conhecida pelas casas em estilo enxaimel e pelo dialeto alemão entreouvido cotidianamente nas ruas. Mesmo assim, quem entra na cidade neste dia de Brasil x Alemanha pelas semifinais da Copa do Mundo vê as ruas vestidas de verde e amarelo. Na prefeitura, também uma construção de estilo típico alemão, também são bandeirinhas do Brasil que enfeitam todas as salas.

- Noventa por cento da população torce pela Alemanha, mas não quando é contra o Brasil - resume o secretário municipal de Turismo, Daniel Sampaio Camargo.

Isso não quer dizer que a torcida que vai acompanhar a partida num telão instalado na Rua Coberta, no centro da cidade, será toda pró-Brasil. Entre os primeiros que chegaram ao local, quase uma hora antes do jogo, estavam quatro amigos alemães, vestidos com a camiseta da seleção de seu país Natal.

- Estamos aqui há duas semanas e meia, hospedados com amigos. Fomos assistir aos jogos em Porto Alegre, contra a Argélia, e no Rio de Janeiro, contra a França. Hoje nos indicaram assistir aqui (na Rua Coberta) - explicou, Volke Wendling, 42 anos, acrescentando que o grupo é natural de Mainz, cidade da região do Hunsrueck.

Sem saber português - Wendling fala também inglês, os amigos Oliver Seckler, 40, Gerd Kappes, 42, e Otto Mayer, 65, apenas alemão -, eles até podem ser exceção no mar de camisas amarelas que aos poucos lotam a rua coberta, mas garantem: se a Alemanha ganhar do Brasil, seus amigos de Nova Petrópolis vão mudar de lado para a final. E, pelo sotaque entreouvido nas conversas, da maioria dos moradores da cidade.

Na hora do hino da Alemanha, o público fica sentado, à exceção de uma pessoa: o alemão Otto Mayer, 65 anos, fica em pé sozinho, com a mão direita no peito, cantando.

Quando começa a tocar o hino brasileiro, todo o restante do público levanta, e Otto vai até a frente, tirar fotos dos brasileiros.