Enquanto acompanha a Copa pela televisão, senegalês Falilou Fall sonha em jogar futebol profissionalmente no Brasil

Enquanto os melhores jogadores de futebol do mundo desfilam pelos gramados brasileiros, milhares de crianças e jovens por todo mundo sustentam o sonho de estarem ali, dentro de campo, como os craques que assistem pela televisão. Para chegarem a esse objetivo, não existem barreiras ou fronteiras intransponíveis.

Em alguns casos, conseguir chegar a um time profissional é uma conquista com a mesma dimensão de um título mundial. É o caso do jovem Falilou Fall, 19 anos. Ele deixou Senegal a pouco mais de dois anos. Depois de atuar em dois clubes profissionais (Jeanne D'arc e Xam-Xam) que disputam a primeira divisão no país de origem, veio para a América do Sul com objetivos estabelecidos: conseguir um contrato, viver do futebol e, por consequência, oferecer uma vida melhor para a sua família.

O jogador de 1m89cm e 79kg, passou uma temporada na Argentina, antes de se mudar para Caxias do Sul. Um ano e quatro meses se passaram e, totalmente adaptado ao país, ele quer concretizar seu sonho.

- Logo que cheguei, precisava de dinheiro para comer, pagar o aluguel e essas coisas. Fui trabalhar na Marcopolo e cheguei a jogar lá. Durante esse período, fui bem e passei uma semana de testes no Juventude. O Jeferson (técnico), era amigo do Ricardo Colbachini e me indicou. Só que o pessoal da empresa não me liberou por mais tempo e o treinador lá queria algumas semanas a mais para avaliar - relembra.

Na terça-feira passada, Falilou fez uma investida ousada. Foi ao Alfredo Jaconi e conversou com o presidente Raimundo Demore. Pediu uma chance para mostrar seu potencial. Enquanto a oportunidade não chega, ele disputa jogos da Série Ouro do Campeonato Municipal de Caxias do Sul na equipe do Santa Cruz. O convite foi feito por outro amigo que conheceu na Marcopolo.

- Esse meu amigo até brincou outro dia, que joguei quatro jogos e a equipe venceu todos. Estive fora em três e tivemos três derrotas - conta o senegalês, com sorriso no rosto.

Sem empresário, Falilou sabe que tem um caminho difícil pela frente, mas não deixa de sonhar. Quer apenas jogar. Seja em Caxias ou outra cidade do país.

- Estou esperando por testes. Vou jogar com os amigos, treinar e esperar por essa chance. Se conseguir um contrato, vou tentar trazer minha família pra cá. Se não conseguir, vou fazer outra coisa. Aqui (Caxias do Sul) tem trabalho para os que tem vontade de crescer - afirma.

Em meio a Copa do Mundo, Falilou diz que, apesar de torcer pelos africanos e ficar com o coração dividido nesta segunda-feira, quando jogam Brasil e Camarões, acredita que o time de Felipão sairá vitorioso do Mundial. Ele gosta do modo de atuar da Costa do Marfim e de Gana, mas acredita que os países da África não tenham potencial para avançar além das quartas de final.