O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aponta para mais uma alta da Taxa Selic em março. A projeção, feita em reunião na terça-feira (4), é de elevação de um ponto, o que colocaria a taxa em 14,25% ao ano. A notícia vem uma semana depois do mais recente aumento, quando o comitê elevou o índice a 13,25% ao ano. Para a população, isso deve significar créditos mais caros.
Como explica o doutor em Economia Mosár Leandro Ness, a escolha do Banco Central pela elevação da taxa básica de juros da economia brasileira é uma estratégia para combater a inflação no país. Um impacto disso, como detalha Ness, é que toda estrutura financeira é afetada. Esse foi o quarto aumento consecutivo da Selic desde setembro do ano passado.
— Encarece o custo do dinheiro. Então, as firmas, para poder descontar uma duplicata, para poder rolar suas dívidas, as pessoas físicas também, elas vão conviver com um ambiente onde a taxa de juros é mais elevada — esclarece o economista.
Na prática, para as famílias, um exemplo é o encarecimento do cartão de crédito, com juros mais altos. Para quem tem dívidas pós-fixadas, também significa uma elevação. Outra situação são os empréstimos, que, mesmo pré-fixados, podem ficar mais caros com a alta da Selic. Ou seja, financiar um carro ou um imóvel, ou até parcelar compras, pode ficar mais caro.
— Citaria esses dois exemplos, que são mais vistos pela população. Para a pessoa física, se você tem dívidas no cartão de crédito, as dívidas vencidas e não pagas acabam se encarecendo também. Por isso que é tão importante as pessoas manterem o equilíbrio sobre o orçamento doméstico. Procurar não utilizar, em hipótese alguma, os recursos do cartão de crédito para bancar as despesas do dia a dia, aquela despesa que você vai no supermercado e compra no crédito, ou que você abastece o carro. Não fazer isso, porque se você fizer e não conseguir pagar toda a fatura, o saldo restante vai ser influenciado por essa elevação da taxa de juros — exemplifica o especialista.
O economista avalia também que a estratégia da elevação pode ser comparada a "um remédio amargo", que pode funcionar para atingir o principal objetivo:
— Se o teu objetivo é conter a inflação, que eu acho que é uma situação que afeta pior ainda as famílias, então sou adepto da elevação da taxa de juros. É um remédio antigo, amargo, mas que funciona. É tipo uma dipirona, uma novalgina que você toma, mas que tem certeza que a tua febre vai baixar.
Investimentos
Para os investidores, a alta da Taxa Selic pode deixar ativos conversadores mais atrativos. São aqueles como o Título do Tesouro Direto, CBDs e outros atrelados aos juros. Porém, como explica o economista Eduardo Santarossa, esse aumento já era aguardado pelo mercado financeiro.
— Os ativos atrelados aos juros ficam, sim, mais atrativos. O investidor com apetite para ativos conservadores tem possibilidade de ser bem remunerado nesse cenário. Entretanto, o aumento dessa magnitude já era amplamente esperado, não houve surpresas — explica.
Santarossa explica também que os ativos devem entrar na estratégia do investidor. Ou seja, tudo parte do perfil e objetivos de quem quer investir.
— Em relação à estratégia, nada muda. É importante entender como os ativos irão contribuir para os objetivos dos investidores — completa.