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No último domingo (9), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a aplicação de tarifas de 25% às importações de aço e alumínio. Trump informou que a taxação passaria a valer a partir desta segunda-feira (10), mas ainda não detalhou os pontos da medida. Enquanto isso, a aplicação de tarifas é aguardada com atenção pelo governo brasileiro.
O Brasil é o segundo maior exportador de aço para os americanos e poderia ser duramente afetado pela taxação, com efeitos na produção e no emprego. O vice-presidente de Indústria da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC) e vice-presidente de Relações Institucionais do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e Região (Simecs), Ruben Antonio Bisi, acredita que a medida de Trump não deve impactar nas negociações e exportações de produtos do setor da indústria feitos em Caxias do Sul.
— Não vai mudar a nossa percepção de mercado, porque a nossa indústria exporta, por exemplo, componentes, equipamentos, máquinas agrícolas, bens de capital, que são compostos por aço. Então, o nosso aço vai nos equipamentos, portanto não tem uma interferência nesse aspecto e não afetará nossos negócios — diz.
Conforme Bisi, o maior volume de aço utilizado nas indústrias caxienses é de procedência nacional, provenientes das maiores empresas produtoras do material, como CSN, ArcelorMittal e Gerdau, por exemplo.
— Como o custo do aço depende da lei de oferta e demanda - e se essa lei funcionar -, baixaria o preço no mercado interno, para cobrir a demanda que foi cortada na exportação. Mas eu acho que isso não vai acontecer e terão muitas negociações ainda. Então, esta tarifa do Trump, eu acho que não vai impactar em nada, neste primeiro momento — sintetiza.
O vice-presidente de Indústria da CIC destaca ainda que a Serra é uma grande transformadora de aço, sendo que o Rio Grande do Sul é o terceiro maior consumidor de aço do país. Cerca de 1,6 milhão de tonelada de aço que vem para cá, 60% é para a Serra, segundo Bisi.
— O aço é a matéria-prima mais importante que temos aqui na região, porque nós fornecemos autopeças, móveis, implementos, ônibus, máquinas agrícolas que, basicamente, utilizam muito aço — exemplifica.
Forçar os países parceiros a negociarem
Além do Brasil, a taxação de importação do aço e alumínio também irá impactar outros países, como Canadá e México, por exemplo, que são outros grandes exportadores para os Estados Unidos. Na avaliação de Bisi, a estratégia do presidente americano vai na linha de forçar os países parceiros a negociarem.
— Essa taxação de 25% é justamente para negociar, na minha opinião, e de repente estabelecer cotas, porque as empresas americanas estão reclamando desse imposto, porque vai aumentar os custos das empresas que utilizam esses aços importados. Então, a cautela que o governo brasileiro tem que ter de não retalhar, de não se exacerbar e, sim, ter adidos comerciais e bons negociadores, e começar a negociar. Eu acho que o Brasil tem muito a depender dos Estados Unidos e a fornecer para os Estados Unidos — finaliza.