O Banco Central (BC) está intervindo na economia brasileira com objetivo de conter a inflação latente, ao qual o consumidor sente toda vez que necessita de um produto ou serviço. A forma mais efetiva para o BC é aumentar a taxa Selic, que nesta quarta-feira (4) saiu de 4,25% para 5,25% ao ano. Esse, inclusive, tende a ser o roteiro até o final do ano, sempre com acréscimos e podendo fechar 2021 em 7%, conforme especulam os analistas do mercado. Mas como esse aumento pode impactar no dia a dia ? De forma resumida, a circulação de dinheiro irá diminuir, tirando poder de compra do consumidor e reduzindo a pressão sobre a oferta.
— A pressão que se tem na oferta traz a elevação de preço, que vai desde alimentos, itens de higiene pessoal, energia elétrica, combustível, aluguel, entre outros. A gente está vendo que isso não é focado num segmento só, uma inflação que está acontecendo de forma geral. Uma medida é aumentar o nível de juros para conter essa inflação — explica o economista Gustavo Bertotti, da Messem Investimentos.
A taxa Selic se refere aos títulos do Tesouro Nacional e o quanto esses juros vão render aos seus investidores. Trata-se de investimento em renda fixa, que quanto maior a taxa, mais atrativo fica. Ela também é a base dos juros praticadas pelos bancos nos empréstimos e financiamentos, cujo aumento regular também impacta na redução da procura.
— Acho que esse comunicado é mais incisivo e passa impressão de preocupação maior com a piora nas expectativas de inflação. Esse aperto monetário vem para ancorar as expectativas de inflação para 2022, ao qual o mercado já vem revisando para cima. Ele fala sobre uma pressão nos bens industriais e no setor de serviços e já passa para o próximo comunicado um outro ajuste na mesma magnitude — avalia Bertotti.
De acordo com o último boletim Focus, a inflação deve fechar o ano em 6,79% – no entanto, essa expectativa aumenta a cada semana. Não se tem uma expectativa de quando o aumento da Selic irá impactar diretamente na vida dos consumidores em relação ao preço dos produtos. No entanto, para Bertotti, cria-se um cenário para que até o final do ano os preços já estejam controlados e, a partir dessa iniciativa, exista um ambiente favorável para favorecer o crescimento econômico em 2022. Para o economista, o ano que vem, sim, será o da retomada.