Um dos alimentos essenciais da dieta dos brasileiros aumentou 100% em apenas um semestre. Avaliado em R$ 3,50 o quilo pela Ceasa Serra em janeiro, o feijão preto saltou para R$ 6 no final de junho e chegará a R$ 7 em julho, segundo o coordenador de mercado da entidade na região, Gilnei Bogio. O motivo, de acordo com ele, foi o desabastecimento causado por problemas na safra do grão em São Paulo e no Paraná. O frio antecipado pegou os produtores de surpresa e fez com que o volume transportado para outros Estados diminuísse, elevando o valor no atacado e nas prateleiras dos mercados.
– Não vai parar por aí. Continuará subindo. Sem oferta suficiente, afeta a todos – afirma Bogio.
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Como a safra gaúcha começa no final do ano, é necessário trazer a mercadoria, principalmente de São Paulo e do Paraná, enquanto a colheita não inicia. No varejo da Serra, ela chega a ser encontrada por até R$ 12,79 em Caxias do Sul, conforme pesquisa feita pelo Pioneiro na semana passada em estabelecimentos de três regiões diferentes da cidade. O preço assusta os consumidores.
– Bem caro mesmo, um absurdo. Já não comprava muito, agora menos ainda – comenta Martenise Antônio dos Santos.
– Há um tempo, peguei um saco com 10 kg porque tinha desconto. Agora que aumentou, não sei como fazer. Na mesa da gente é único, eu faço todos os dias –diz a aposentada Janice Bassetto.
Mesmo as pessoas que não costumam comprar o grão e preparar em casa são prejudicadas, pois a disparada dos valores é repassada, por exemplo, em buffets de restaurantes.
– Não pode faltar no menu. Aí, temos de cobrar mais do cliente no dia a dia. Todo mundo come massa, arroz e feijão – ressalta a empresária Renata Strickler, dona de um restaurante em Caxias.
Considerado a melhor proteína vegetal disponível, o grão pode até ser substituído por outros alimentos, mas não com os mesmos benefícios, conforme a nutricionista Clarisse Zanette. Além de grande quantidade de ferro, o feijão contém fibras que reduzem a absorção de colesterol e glicose e auxiliam na regulação do intestino e no tratamento e prevenção de diabetes. Esse conjunto de nutrientes é importante ainda para regular a pressão arterial, reforçar o sistema imunológico e atuar como reparador muscular.
– Não podemos deixar de consumir feijão, que tem ainda o benefício de fortalecer a memória. A lentilha e o grão-de-bico até seriam opções. Porém, inferiores. Para muita gente, a base de uma alimentação balanceada é arroz, feijão e ovo – pondera Clarisse.
Preço do leite também tem alta
Além do feijão, outro item que chama atenção pela alta no preço nos supermercados é o leite. De maio para junho, o preço do leite longa vida integral no Estado subiu 14%, de acordo com a Associação Gaúcha de Supermercados (Agas). Para o leite natural tipo C, o aumento foi de 12%.
A explicação, segundo o presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios do RS, Alexandre Guerra, é resultado de inúmeros fatores. Entre eles, a lei da oferta e da procura:
–Há uma queda na produção de leite nos últimos meses. Em relação a esse mesmo período no ano passado, a queda deve ser de 6%. Devemos levar em consideração que o frio intenso prejudicou as pastagens e, além disso, a ração para os animais, o milho e o farelo de soja, ficaram mais caros. Então esse custo elevado é por necessidade, é para conseguirmos repassar valores para manter os produtores no ramo.
E os consumidores devem preparar o bolso: o valor do litro do leite não deve baixar nos próximos meses, segundo Guerra.
– Não há expectativa para que isso aconteça em julho e agosto. Esperamos que o preço caia em setembro, mas também é preciso ver como o mercado vai se comportar – analisa.