Ocupação em declínio no período de economia aquecida, o emprego doméstico voltou a crescer em Caxias, no Estado e no país com o recrudescimento da crise. O quadro é resultado da perda de dinamismo de setores como indústria, comércio e serviços.
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Estes segmentos começaram a absorver um contingente formado principalmente por mulheres que buscava e conseguia trabalho e melhor remuneração em outras áreas, também devido à maior escolaridade, mas no ano passado aceleraram as demissões. Com pouca opção no mercado, encontraram emprego em residências, mostra o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua mostram que, no último trimestre de 2015, o número de pessoas ocupadas em serviços domésticos no Brasil chegou a 6,38 milhões, o maior desde o início da série histórica da pesquisa, em 2012. Foi 6,6% superior ao mesmo período de 2014 e 6% maior do que o trimestre anterior.
Em Caxias, a procura de candidatos por esse tipo de trabalho aumentou 30% desde setembro de 2015, segundo Adriano Susin, proprietário da Agência Inez, a mais representativa e tradicional de Caxias na contratação desse tipo de mão de obra. Atualmente, a agência coloca no mercado cerca de 15 profissionais por mês. Já chegou a colocar mais de 40.
- Durante um bom tempo, os trabalhadores domésticos chegaram a ter aumento de renda superior aos demais trabalhadores. Antes da crise, a demanda aumentou, e a oferta de pessoas para esse tipo de serviço diminuiu - observa o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo.
Queda na renda
Em meio à crise, a maior oferta de mão de obra também afetou a renda. As estatísticas do IBGE mostram que o salário médio real dos trabalhadores domésticos nos três meses finais de 2015 caiu 2% em comparação com o último trimestre de 2014 e ficou em R$ 759.
Para a pesquisadora Luana Magalhães, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), é preciso cautela para verificar mesmo se há uma tendência devido ao crescimento no número de trabalhadores domésticos ter se concentrado no último trimestre. Assim, ainda precisaria ser confirmado nos próximos meses.
- Também parece haver uma contradição que ainda precisamos entender de que as famílias ainda estão em condições de contratar trabalhadores domésticos - observa Luana.
No Rio Grande do Sul, o número chegou a 365 mil pessoas no último trimestre do ano passado. Também foi o maior da série histórica e equivalente a um crescimento de 4,5% sobre o intervalo de outubro a dezembro de 2014.
O contingente representou 6,9% do total de pessoas acima de 14 anos ocupadas no Estado, maior percentual desde o início da pesquisa. Embora os dados do primeiro trimestre de 2016 ainda não sejam conhecidos, Azeredo confirma que, pelo menos em janeiro, o contingente de trabalhadores domésticos continuou aumentando.
Apesar de serem empregos historicamente ligados à baixa escolaridade, até pessoas com ensino médio completo começam a procurar ocupação em serviços domésticos.
Economia
Cresce procura por empregos domésticos em Caxias do Sul
Crescimento foi de 30% desde setembro do ano passado na cidade
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