Na reta final na Serra, a colheita de soja não mostra resultados animadores. Em Vacaria, um dos principais produtores do grão na região, a cultura sofreu com o calor excessivo deste verão e com a falta de água. A Cooperativa Tritícola Mista Vacariense (Cooperval) estima uma quebra de cerca de 15% em relação ao ano passado.
- Não é uma safra cheia. Passamos por duas estiagens, em dezembro e em janeiro. Teve um calor acima da média no verão. E, no final do ciclo da cultura, houve a pressão da ferrugem asiática, que acabou prejudicando também, tirando um pouco de produtividade. Os fungicidas controlavam melhor a doença antes, parece que estão perdendo um pouco da eficiência - revelou o engenheiro agrônomo da Cooperval Cezar Tibola.
Apesar das frustrações, Emater Regional de Caxias do Sul mantém ainda as mesmas projeções iniciais, de 2,1% de aumento de produtividade média em comparação com 2013.
A família Ferreira vivenciou a pujança e a frustração nesta safra de soja em Vacaria. Dentro do mesmo município, em duas áreas distantes apenas 22 quilômetros uma da outra, a diferença de produtividade foi de mais de 30%. Em Cerquinha, a oleaginosa plantada em 900 hectares rendeu uma produtividade média de 60 sacas (3,6 mil quilos), o que é considerado muito bom. Já nos 270 hectares de São Paulino, o clima não ajudou: foram obtidas 45 sacas (2,7 mil quilos). A falta de chuva e o calorão atípico do verão são alguns dos fatores que interferiram no desempenho negativo.
- Neste lado da cidade choveu menos. E no final, quando já estava tudo pronto para a colheita, deu granizo aqui. Além disso, a outra área é mais antiga, o solo é mais estruturado - contou o engenheiro agrônomo Sérgio Gustavo Borges Schunck, 32 anos, enquanto as máquinas trabalhavam na colheita em São Paulino. Schunck é o responsável técnico da fazenda que pertence à esposa, Dinamara Ferreira, e ao cunhado, José Joaquim Ferreira.
A colheita começou no dia 20 de março, por Cerquinha. A variedade cultivada em São Paulino é mais tardia e passou a ser retirada da lavoura no dia 18 de abril. Nessa área _ onde os pés de soja atingiram 60 centímetros de altura, 30 a menos do que o normal _ a perda é estimada em 20% a 30%. A quebra, diluída na produção total da família, será de cerca de 5%.
