Embora seja formado principalmente por profissionais da indústria, mercado de Caxias contempla atividades inusitadas

Abrangendo 187 mil profissionais registrados, o mercado caxiense costuma ser relacionado especialmente aos empregados do setor industrial. Não à toa: cerca de 90 mil pessoas, o que corresponde a praticamente a metade das vagas ocupadas, comemoram o Dia do Trabalhador nesta quinta-feira fazendo parte de alguma das mais de três mil indústrias da cidade.

Apesar da alta representatividade dos metalúrgicos, milhares de outros trabalhadores caxienses também movem a economia da cidade (e não batem cartão às 17h18min). Os prestadores de serviços, por exemplo, já formam um exército de quase 65 mil  profissionais.

Já o comércio conta com cerca de 30 mil empregados. Eles estão distribuídos em aproximadamente 16 mil pontos de vendas.

Para se ter uma ideia de como o mercado de trabalho pode ser abrangente, mais de duas mil profissões diferentes, que se dividem em outras centenas de atividades específicas, fazem parte da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) do Ministério do Trabalho, que é uma espécie de dicionário dos postos brasileiros.

Como o guia apenas reconhece a profissão, sem interferir em questões trabalhistas - como jornada de trabalho ou piso salarial-, a lista de atividades inusitadas é extensa no CBO. Vaqueiro inseminador, selecionador de pintos por sexo e pegador de bola são alguns dos exemplos.

Atividades raras também não faltam no mercado caxiense. Nádia Susana Garcia, 56 anos, por exemplo, trabalha há oito anos para funerárias como preparadora de defuntos para velórios.

O serviço de Nádia é completo: maquia, veste, reconstrói e realiza procedimentos que retardam a decomposição dos corpos. Ela e sua equipe - formada por mais seis pessoas, incluindo os dois filhos Leandro, 34, e Leonardo, 36 - preparam cerca de 160 velórios por mês.

- Minha primeira pergunta ao realizar o trabalho é sempre a mesma: 'o que a família pediu?'. Porque a nossa intenção é sempre deixar a pessoa o mais natural e reconhecível possível e esses detalhes são os familiares que nos informam. Ao mesmo tempo que tenho que ser um pouco fria com a situação para conseguir realizar bem o meu trabalho, sempre penso que estou cuidando de um ser humano, de uma pessoa muito importante pra muita gente - relata.

Para conseguir bons resultados no trabalho, Nádia precisou mais do que um bom equilíbrio entre frieza e sensibilidade. Nos últimos anos, ela realizou vários cursos e especializações em áreas como tanatopraxia (procedimento para que o corpo não sofra decomposição), reconstrução - em casos de acidentados, por exemplo - e maquiagem.