CORREÇÃO: o filme "Doce Entardecer em Toscana" estreia no próximo dia 12 em Caxias do Sul, e não nesta quinta-feira (5) como publicado entre as 11h58min e as 16h05min. O texto já foi corrigido.
Numa primeira leitura, o título do filme que estreia na próxima quinta-feira (12) na Sala de Cinema Ulysses Geremia sugere um cenário bucólico e uma história possivelmente suave. O espectador pode até acreditar nessa ideia a partir das cenas de abertura de Doce Entardecer na Toscana – uma festa numa bela residência localizada no interior. No entanto, aos poucos o diretor Jacek Borcuch (de Tudo o Que Amo) vai mostrando os contrastes que pautarão a história. Não há nada de doce na Toscana que o filme explora.
O roteiro, também assinado pelo diretor, gira em torno da Maria Linde (vivida pela atriz polonesa Krystyna Janda), escritora aposentada que possui um Nobel de literatura na estante e vive com a família numa região rural da Toscana. A protagonista possui características bem complexas. Por exemplo: adora estar no ambiente familiar, mas também dirigindo em alta velocidade com seu conversível e um inconfundível óculos Ray-ban; tem uma ótima relação com os netos, mas possui certa distância da filha; convive em harmonia com o marido, mas também protagoniza uma paixão tórrida com um homem mais novo; ama a cidade onde vive, mas não tem medo de atacar publicamente o que acha errado.
Essas esquinas da personalidade de Maria Linde dão tom à história, que ainda inclui à pauta uma discussão sobre xenofobia. A virada-chave de Doce Entardecer na Toscana se dá a partir de um discurso polêmico proferido pela protagonista numa premiação.
O momento é de tensão por conta de um ataque terrorista ocorrido em Roma, mas a escritora acalca feridas ao criticar as políticas oferecidas para refugiados e comparar a violência do ato terrorista com a potência de uma obra de arte. “Não somos nada comparados à força da destruição”, reflete ela. A fala é mal recebida e acaba revelando uma faceta ainda mais obscura e inesperada de Maria Linde.
As muitas camadas da personagem principal são o pano de fundo mais interessante do filme – já que a discussão sobre xenofobia acaba não ganhando atenção suficiente. Doce Entardecer na Toscana explora questões como a sexualidade e a rebeldia de uma mulher com mais de 60 anos e também lança uma pergunta passível de muita reflexão: “se pudéssemos colocar alguém numa jaula hoje, quem seria?”.
Programe-se
- O quê: drama ítalo-polonês Doce Entardecer na Toscana, de Jacek Borcuch.
- Quando: estreia na próxima quinta (12) e fica em cartaz até o dia 26 de maio, com sessões de quinta a domingo, sempre às 19h30min.
- Onde: Sala de Cinema Ulysses Geremia, no Centro de Cultura Ordovás (Rua Luiz Antunes, 312).
- Quanto: R$ 16 (geral) e R$ 8 (estudantes, idosos e servidores municipais).
- Duração: 96 minutos.
- Classificação: 16 anos.