Este cenário um tanto sombrio aí na foto imprime bem o clima da estreia desta semana na Sala de Cinema Ulysses Geremia, já que a culpa e o medo espreitam o protagonista incessantemente. Testemunha Invisível encerra a programação do Mini Festival de Cinema Italiano realizado no espaço – aliás, outros circuitos de obras reunidas por sua nacionalidade estão entre os projetos da sala para 2020. Dirigido por Stefano Mordini, o longa é uma refilmagem do espanhol Um Contratempo (2016) e leva para a Ulysses Geremia um gênero que não costuma aparecer muito por lá, o suspense.
Seguindo um formato bastante explorado pelo cinema, a obra italiana coloca o personagem principal para narrar os fatos enquanto flashbacks surgem na tela. O narrador, no caso, é o empresário de sucesso Adriano Doria (Riccardo Scamarcio), que está em prisão domiciliar acusado de ser o assassino da amante, a fotógrafa Laura (Miriam Leone). Quem escuta a história é uma senhora contratada pelo advogado de Doria para tentar ajuda-lo com os próximos depoimentos. Aos poucos, a profissional vai acessando as memórias de Doria sobre a morte da amante e sobre o desaparecimento de um jovem, situação que se mostra diretamente ligada ao caso.
A narrativa não possui muitos personagens e, apesar das reviravoltas que surgem em meio à narração de Doria, não confunde a cabeça de quem está assistindo. Pelo contrário, é como se as coisas fossem se encaixando aos poucos até culminarem na surpresa final. Apesar do lado positivo em priorizar clareza mesmo numa história sobre os labirintos de um crime sem dono, o roteiro poderia ousar mais nas viradas. No caso de um filme de suspense, confundir o espectador é quase sempre uma coisa boa.
A fórmula de Testemunha Invisível propõe um mergulho na própria perspectiva do narrador, constantemente questionada pela profissional que escuta a história. Esses meandros revelam novas perspectivas – claro que uma história nunca tem um lado só – ao mesmo tempo que vão cavando o inferno pessoal do protagonista. A atuação de Scamarcio merece destaque nesse sentido. O ator transparece um misto de frieza, desespero, culpa e medo. Já a fotógrafa morta não revela uma construção tão densa, seguindo padrões um tanto previsíveis.
A paleta de cores utilizada pelo diretor abusa dos tons sóbrios, tristes. Faz sentido, já que os nós desatados aos poucos na história jamais trazem alegria aos personagens, cada um deles vive perdas irreparáveis num jogo cheio máscaras.
Programe-se
:: O quê: suspense italiano “Testemunha Invisível”, de Stefano Mordini.
:: Quando: estreia nesta quinta (12) e fica em cartaz até domingo, com sessões às 19h30min.
:: Onde: Sala de Cinema Ulysses Geremia, no Centro de Cultura Ordovás (Rua Luiz Antunes, 312).
:: Quanto: ingressos a R$ 10 e R$ 5 (estudantes, beneficiários ID Jovem, idosos e servidores municipais).
:: Classificação: 14 anos.
:: Duração: 102 minutos.
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