Dandara Manoela e Bandinha Di Dá Dó são as atrações desta quarta-feira, dia 20 de novembro, às 20h, no Teatro do Sesc, em Caxias do Sul, no Dia da Consciência Negra.
A performática Bandinha Di Dá Dó, de Porto Alegre, é formada pelos palhaços Cotoco, Teimoso Teimosia, Invisível e Zé Docinho, ou seja, pelos músicos Mauro Bruzza (acordeom e vocal), Thiago Ritter (baixo), Gabriel Grillo (guitarra) e Paulo Zé Barcellos (bateria), e apresentam repertório de composições próprias, tanto instrumentais como cantadas, inspiradas na música cigana, na world music e no rock’n’roll.
Já Dandara, empunha o microfone como quem sentencia uma nova era. Mais do que a flor que desabrocha em esperança, é na virulência do discurso que ela empodera a sua geração. Com doçura e força, Dandara canta, em Retrato Falado:
Dona Preta, minha avó, resolvi contar
Tuas histórias, tuas memórias, teu penar
Antes de entoar o lamento em melodia envolvente, nem por isso menos real, Dandara explica que canção é essa capaz de arrepiar até aos mais insensíveis: “Essa música é um pouco da história da minha bisavó, um pouco da história da minha vó, um pouco da história da minha mãe, um pouco da minha história, e infelizmente história de tantas e tantas e tantas mulheres”. Retrato Falado dá nome ao primeiro álbum, gravado através de financiamento coletivo em Florianópolis, e lançado em 2018.
Entre as canções do CD, Mulher de Luta, inspirada na poesia de Ingrid Maria, é um clamor com as cores e os amores de uma revolução que integra, que congrega, que abraça, que acolhe:
Ah se todas essas Marias se ajuntar
Sapatão, trans, viadas
Pretas, brancas, amarelas
Pedras e sonhos nas mãos
Punhos erguidos
Seremos todas, todas
Marias da revolução!
Sobre o palco, de pés descalços, Dandara evoca versos de um doce e rebelde viver. Rebelde de um sistema que aprisiona gerações de negros e negras, mesmo depois da tal abolição. Canta e compõe como quem faz uma prece:
Minha violência é voz
E se for preciso
Eu aprendo a ser feroz
E se nada disso bastar, a voz que atravessa paredes de preconceito e pretende alcançar corações sensíveis a um novo mundo, Dandara transbordará:
Quero ver quem sou
Ver se caibo em mim
Se não couber vou transbordar
Aos que torcem o nariz para esse espaço de fala dos negros e negras, que lutam por igualdade, que lutam contra a violência do preconceito, é interessante pensar como seria o Brasil numa terra em que Zumbi tivesse sido rei. Mesmo afligido, perseguido e morto, Zumbi continuará a ser o herói que os negros e negras celebram, e o bandido que os preconceituosos insistem em matar. Saravá, Dandara e tantas Marias, mulheres de luta.
Agende-se
O quê: Shows com a Bandinha Di Dá Dó e Dandara Manoela.
Quando: quarta-feira dia 20 de novembro, às 20h.
Onde: Teatro do Sesc (Rua Moreira César, 2.462- Caxias).
Quanto: Ingressos a R$ 30, à venda no Sesc. Comerciários, empresários, classe artística, pessoas acima de 60 anos e estudantes a R$ 15.
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