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Tanto no blues quanto no rock 'n' roll, é comum afinar violões e guitarras de forma que todas as cordas tocadas soltas e ao mesmo tempo soem num acorde de Sol maior. A chamada afinação aberta é bastante utilizada por Keith Richards, guitarrista dos Rolling Stones, que bebeu na fonte de blueseiros antigos que recorriam a essa prática para tocar com o estilo slide (utilizando uma esfera de vidro ou metal em um dos dedos que deslizam pelas cordas). Entre os músicos brasileiros que tocam a chamada viola caipira, especialmente no Sudeste, essa mesma afinação tem seu próprio nome: Rio Abaixo.
E é dedicado ao universo desta forma de tocar o instrumento que o violeiro e professor caxiense Valdir Verona lança o seu novo trabalho, um CD acompanhado de um método de tablaturas e partituras intitulado Rio Abaixo - Afinação Para Viola de 10 Cordas, que será lançado hoje na Feira do Livro de Caxias do Sul.
— É a afinação que eu utilizava quando comecei a tocar, mas que depois tanto a minha carreira como músico quanto no ensino acabei deixando de lado. Nos últimos anos, conforme me dediquei à viola de 9 cordas (instrumento que ele mesmo criou), coloquei uma outra viola velha que eu tinha nessa antiga afinação e passei a fazer algumas adaptações de temas conhecidos, além de composições minhas. Assim nasceu a ideia de fazer este registro, acompanhado do material didático que era algo que faltava na literatura musical — comenta o músico, também autor de outros métodos como o bastante conhecido "14 Estudos Progressivos para Violão Campeiro".
Assim como o blues, que tem a lenda de um pacto com o diabo feito na encruzilhada, a afinação da viola caipira também tem seu folclore. Reza a lenda que o diabo aparecia para as moças descendo o rio em uma canoa, enfeitiçando-as com o som da viola em uma afinação desconhecida.
— É uma afinação muito ligada a causos, mas que também chama a atenção por ter uma sonoridade diferente, que muitos consideram mais bonita que a mais tradicional, a chamada "cebolão" — destaca o violeiro.
Tão logo os exemplares ficaram prontos, Verona iniciou a distribuição para diversos conservatórios e escolas de música do país que requisitaram o trabalho, sendo que muitos ficaram conhecendo através de um grupo que o violeiro criou no Facebook, voltado para praticantes e fãs do instrumento. Na Feira do Livro, o show será intercalado com um bate-papo, em que o músico irá contar histórias e tirar dúvidas sobre a afinação, o instrumento e as músicas que estão no CD, 10 composições próprias e dois temas de domínio público.