Liniker botou vestido amarelo longo, coturnos, uns brincões pontiagudos, batom vermelho na boca e, de bigodinho de malandro, deu alô pra gauchada quinta-feira à noite, no primeiro show feito no Estado, no Opinião, em Porto Alegre. Aí "a gente fica mordido, não fica", como ele canta em Zero, uma das três músicas responsáveis pelo seu boom antes mesmo do primeiro disco, que chega no segundo semestre.
Mordidas, sevícias, sensualidade, sedução cabem na figura cujo discurso estético e artístico desorganiza as convenções. Liniker é mulata assanhada que passa com graça. Nascido em Araraquara, 20 anos, Liniker é soulman do caralho (sic) que evoca de Tony Tornado a Tim Maia. Mas vai além e reafirma a música preta brasileira, periférica, requebrando para caretice instituída, rebolando até o chão.
Hibridismo saudável que não faz um gênero. Inclui muitos. Ora samba, ora soul, gafieira ou guitarrada, cita Cartola (deixe-me ir, preciso andar) e Ivan Lins (deixa, deixa, o que penso dessa vida, preciso de mais desabafar) para olhar de lado, sacudir o chanel de bico de trancinhas, e, como afirma na entrevista que segue, dançar e se deixar afro-dionisíaco na nova MPB.
Renovação estética
Liniker desafia rótulos e afirma novas identidades e para a música brasileira
Voz potente, batom vermelho, bigode e ousadias são suas marcas
Carlinhos Santos
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