A Felicidade Interna Bruta (FIB) foi criada na década de 1970 pelo rei do Butão como um contraponto à baixa colocação do país no ranking do Produto Interno Bruto (PIB). Questionado sobre a pobreza do país, ele disse que os valores de uma nação não deveriam ser medidos apenas pelo viés econômico.
O índice butanês foi adotado também pela Organização das Nações Unidas (ONU) e indica desenvolvimento baseado em critérios objetivos (dados, números) e subjetivos (como a percepção dos sujeitos sobre si mesmos). Divide-se em nove indicadores: bem-estar psicológico, saúde, uso do tempo, educação, diversidade cultural, boa governança, vitalidade comunitária, diversidade ecológica e padrão de vida.
- O interessante é que todos eles têm o mesmo peso, ou seja, o dinheiro tem a mesma importância do que o tempo - explica a Kalinca Susin, que escreveu a dissertação de mestrado cursado na Alemanha sobre a felicidade.
Como a felicidade é institucionalizada no país, ela é uma responsabilidade do governo, está na constituição, e o poder público precisa prover meios para incentivá-la. As pessoas, por sua vez, percebem que têm um papel importante nesse processo, precisam atentar para o que lhes faz bem. Enquanto morou no Butão, entre novembro de 2011 e março de 2012, Kalinca trabalhou na Comissão da FIB, a fim de encontrar maneiras para influenciar a opinião do cidadão para o bem, especialmente em relação à vida comunitária e à saúde.
À medida em que conta a própria experiência, Kalinca alterna momentos de introspecção e de gargalhadas. Tem o riso fácil, mas não deixa de pensar no confronto entre culturas ao fazer os apontamentos sobre a vivência.
- Uma experiência assim desconstrói totalmente os nossos parâmetros - diz.
Ela ilustra com exemplos concretos, sempre buscando companhia para ampliar o olhar. Lembra que a população local tem direito a educação e saúde gratuitas, mas não há saneamento básico, nem estradas ou eletricidade. Em alguns lugares, os habitantes parecem viver em uma espécie de regime feudal. Por outro lado, aprendem a meditar e a compartilhar o tempo já na escola, no ensino básico, e têm lições de cidadania e ecologia ainda na infância. A filosofia budista, seguida pela maioria da população, fortalece a ideia da busca pela plenitude.
Comportamento
Caxiense conta o que aprendeu no Butão, o país da felicidade
Kalinca Susin viveu e pesquisou na nação sul asiática entre novembro de 2011 e março de 2012
Tríssia Ordovás Sartori
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