Nem todo morador de Lourdes sabe, mas até 1963, a Rua Sinimbu não desembocava na BR-116. Sua extensão terminava exatamente na esquina com a Angelina Michielon, onde situava-se o antigo Orfanato Santa Terezinha, atual Colégio Madre Imilda - dos quais dona Angelina foi fundadora, ainda na década de 1930.
A intervenção na via começou a tomar forma a partir de um requerimento enviado pelos vereadores Humberto Bassanesi e Isidoro Moretto ainda em março de 1949. Foi quando ambos elencaram uma série de justificativas para o prolongamento da Sinimbu até a então Estrada Federal Getúlio Vargas - entre elas, o intenso tráfego de caminhões verificado no início da Júlio.
Porém, valores relativos à desapropriação de terrenos pertencentes ao orfanato e aos empresários Júlio João Eberle e Oscar Martini acabaram “travando” o início das obras até 1963. Matéria de capa do Pioneiro de 15 de junho de 1963, intitulada “Tudo resolvido para o prolongamento da Sinimbu”, destacou a mudança do traçado:
“Todos os óbices que se antepunham ao início das obras de prolongamento da Rua Sinimbu, ligando-a com a BR-2 (BR-116), foram finalmente aplainados quando a Câmara de Vereadores aprovou projeto de lei autorizando a municipalidade a adquirir, dos srs. Júlio João Eberle e Oscar Martini, um terreno localizado na Av. Júlio de Castilhos e permutá-lo com o terreno do Instituto Santa Terezinha, por onde passará a rua - e do qual sobrará uma área apreciável que será vendida, em lotes, pela prefeitura. Com o produto da venda, a municipalidade pagará o terreno adquirido dos srs. Júlio João Eberle e Oscar Martini, bem como a construção de um muro de arrimo e vedação que será construído em torno de toda a propriedade do Instituto Santa Terezinha. Em face disso, dentro de pouco já estarão concluídas as obras de abertura do prolongamento da Rua Sinimbu, necessário para desviar o tráfego da Av. Júlio de Castilhos, na entrada da cidade”.
Na imagem acima, uma vista parcial da Rua Angelina Michielon, esquina com a Av. Júlio, e o fim da Sinimbu ao fundo, em 1947. À esquerda, o Orfanato Santa Terezinha, em madeira, e a Igreja de de Lourdes, ainda sem as torres e parte do reboco externo.
Abaixo, matérias do jornal Pioneiro destacando desde as primeiras manifestações pelo prolongamento da via, em 1949, até o movimento verificado em 1966.
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