Panceri, Mariza, Salatino, Caxiense, Americana, Nilza, Gardenia, Pompeia, Celli… Não há quem não tenha adquirido ou "herdado" alguma peça das antigas malharias e tecelagens que fortaleceram o setor têxtil de Caxias do Sul a partir das primeiras décadas do século 20.
Entre tantas, a Malharia Jane destacou-se como um dos negócios da então Firma Guerino Sanvitto & Cia, localizada na Rua Os Dezoito do Forte, 2.227, esquina com a Marechal Floriano, onde hoje situa-se um posto de combustíveis.
Funcionando anexa à loja de ferragens e materiais de construção de Guerino e à residência da família Sanvitto, a empresa foi um dos empreendimentos destacados no Álbum Comemorativo do 75º Aniversário da Colonização Italiana no Rio Grande do Sul, lançado em 1950.
Conforme a reportagem, a Malharia Jane foi fundada em novembro de 1939, dedicando-se desde o início à produção de malhas finas:
"Tratam-se de pulôveres, calções, 'maillots', blusas, coletes e artigos para crianças em geral, todas peças fabricadas segundo a técnica mais avançada, dispondo para isso de um moderno maquinário e numerosos funcionários especializados".
O texto de 1950 também fazia menção à direção do negócio e ao crescimentos das vendas:
"Desde a fundação, girou sob a razão social de Guerino Sanvitto & Cia, tendo como sócios os senhores Guerino Sanvitto e Carlos Reynaldo Plentz, figuras de remarcado relevo no alto comércio, na indústria e na sociedade da 'Pérola das Colônias'. Mantém a firma representantes e agentes nas principais praças do Estado do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, onde o movimento de vendas se vem processando em ritmo sempre crescente".
Nas imagens acima e abaixo, os estandes da Malharia Jane nas Festas da Uva de 1950 e 1954. Na sequência, um detalhe do cotidiano da fábrica, com as operárias trabalhando nos teares. Por fim, dois anúncios da firma Guerino Sanvitto & Cia publicados no jornal A Época, na década de 1940.
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Em 1958
Na reprodução abaixo, a página do Pioneiro de 13 de setembro de 1958 destacando as malharias integrantes do Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem de Caxias. Elas saudavam o presidente italiano Giovanni Gronchi, então em visita à cidade.
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Um incêndio em 1952
A Malharia Jane e a casa de comércio de Guerino Sanvitto foram atingidas por um violento incêndio na madrugada de 17 de janeiro de 1952. Conforme reportagem do jornal Diário do Nordeste de 18 de janeiro de 1952, "boa parte da mercadoria sinistrada era representada por um estoque de fios de lã, destinados à Malharia Jane, também de propriedade da referida firma".
Posteriormente, a fábrica passou a funcionar na Rua Coronel Flores, 143, conforme anúncio abaixo, publicado no jornal "Assessor" em 1968.
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