A familiaridade dos veranistas caxienses com a praia de Torres é histórica. No entanto, o médico Eduardo Festugato possui um relacionamento íntimo, emocional e profissional com este município.Após a formatura em Medicina pela UFRGS, Eduardo optou por trabalhar em Torres sob a influência de amigos Sartori e Amoretti. Em meados de década de 1960 havia carência de profissionais, situação que Eduardo abraçou como um desafio e índole humanitária.
Eduardo trabalhou no Hospital Nossa Senhora dos Navegantes no período de 1965 a 1972. Parte das experiência de atuar num hospital, distante dos grandes centros urbanos, está publicada no livro Recorrida (1994), obra que salienta o esforço incomum de um médico idealista, preocupado com a saúde do semelhante no contexto social de Torres e arredores.
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Outros verões... Torres nos anos 1950 e 1960
Rivana Festugato Regalin orgulha-se em relatar a dedicação do seu pai exerceu na saúde pública: "Além de atender pessoas pelo INPS, desde clínica geral, cirurgia, ginecologia, obstetrícia, acidente de trabalho, perícias médicas, também realizava atividades de médico legista, algo que sacrificava seus momentos de descanso e feriados, de forma altruísta. A consideração deste trabalho veio apenas da Polícia Civil, ao receber um diploma", recordou.
E foi no convívio com Torres que Festugato conheceu a jovem Iara de Quadros. O casamento foi realizado na graciosa e histórica Igreja de São Domingos. A celebração religiosa foi conduzida pelo amigo caxiense e padre Mário Pedrotti, em 1967. Padre Mário viria a batizar os filhos Morgana, Átila, Fabrício, Rivana e Ramiro, celebrar dois casamentos e batizar os netos da família Festugato.
A jovem Iara de Quadros na Guarita
O médico Eduardo Festugato possui um exuberante acervo fotográfico de sua passagem por Torres. Na estética registrada na década de 1960, o cenário da praia serviu para eternizar a sua encantadora namorada. Na paisagem da Praia da Guarita, ao fundo, percebe-se Iara na janela de um emblemático Aero-Willis.
Antes retornar para Caxias do Sul, o casal teve a filha Morgana, que nasceu em Torres. Iara é descendente de José Ignácio de Quadros, personagem histórico que dá o nome a Lagoa de Quadros. O ancestral também é reconhecido por ter participados da Guerra do Paraguai (1868) e de receber a condecoração Ordem das Rozas, em 1871.
Torres de Antigamente
A cumplicidade de Eduardo Festugato com Torres resultou num consistente livro de crônicas e memórias. Muitos veranistas identificam a praia pelos seus rótulos superficiais da propaganda turística. Na obra de Festugato, há sim a riqueza de detalhes, uma empatia de quem conviveu com as pessoas, com a realidade e circunstâncias curiosas. Além disso, reproduz a disposição de um caxiense que procurou contribuir com uma cidade mais humana, prestando um atendimento médico solidário no então encantador litoral norte do Estado.
A obra lançada em 1994, foi impressa na gráfica da Universidade de Caxias do Sul, instituição que neste ano festeja 50 anos de criação, coincidentemente com Eduardo e Iara que celebram bodas de ouro de casamento.