Via que compreende trechos dos bairros Lourdes, Exposição, São Leopoldo e Rio Branco, a Rua Tronca têm sua origem intrinsecamente ligada à trajetória do italiano Domenico Tronca.
Nascido em Caldogno, na província de Vicenza, em 1865, o jovem migrou para o Brasil aos 20 anos, em 1885, já casado com Angela Perosa. Depois de manter um pequeno comércio em Antônio Prado, ele transferiu-se para a antiga Freguesia de Santa Teresa de Caxias, onde adquiriu uma gleba de terra em Santa Corona e deu início à fabricação de vinho.
Após uma breve sociedade com o empresário Luiz Antunes, por volta de 1908 Domenico abriu sua própria cantina, então localizada na área compreendida entre as ruas Tronca, Visconde de Pelotas, Garibaldi e Sarmento Leite.
Nos tempos da Cantina Antunes
A Quinta São Luiz e o Quinta Estação
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Visionário, o italiano também organizou uma empresa de transporte por carretas, para escoar a produção de vinhos e iguarias coloniais, e fundou uma tanoaria, onde eram produzidos os barris para o armazenamento da bebida. O imigrante, inclusive, acolheu alguns dos primeiros tanoeiros portugueses que se instalaram nas imediações – e que contribuíram para que a região ficasse conhecida como bairro lusitano.
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Com a venda da Cantina Tronca, em meados de 1929, Domenico somou a seu patrimônio mais uma grande quantidade de terras. Parte delas foi dividida em lotes e comercializada entre os moradores com menos recursos financeiros, que foram abrindo ruas e se estabelecendo na área compreendida entre a atual prefeitura e o quartel.
Nesse trajeto, vale frisar, Domenico também cedeu uma área de 15 mil metros quadrados ao Esporte Clube Juvenil para a prática do futebol – o campo localizava-se nas imediações das ruas Tronca, Marechal Floriano e Sarmento Leite.
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Em documento registrado em cartório, porém, Domenico condicionava a utilização do terreno, conhecido por Mato do Tronca, exclusivamente à finalidade esportiva. Assim, quando o Clube foi extinto, no início da década de 1930, a área retornou ao antigo proprietário.
Um encontro de família em 1936
Na imagem acima, a família Tronca em 6 de janeiro de 1936, durante o aniversário de 71 anos do patriarca Domenico (ao fundo, em frente ao obelisco).
Entre os descendentes vemos o padre Angelo Tronca (ao lado do avô Domenico), Adelino Tronca, Rosália Sartor, Romana Tronca, Amália Tronca, Mariana Bonollo Tronca, Stefano Tronca, Vanoli Maggi, Nair Tronca, Domingos Tronca, Lady Angelina Maggi, Claire Sartor, Gladis Sartor, Luiz Carlos Tronca, Bortolo Bonollo, Auri Tronca, Dino Maggi, Gildo Tronca, Lilia Tronca e Miro Tronca, além de outros não identificados pela família.
O local, provavelmente, é o Parque Cinquentenário, onde o nome de Domenico estava gravado em bronze na placa alusiva aos pioneiros da colonização italiana (ao fundo da foto). A mesma imagem foi usada como recordação de um encontro de descendentes realizado 45 anos depois, em 1981, no Rincão da Lealdade (foto abaixo).
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Domenico e Angela tiveram oito filhos: João, José, Gildo, Amália, Adelino, Romana, Stefano e Luiz.
O patriarca faleceu em 2 de abril de 1949, aos 84 anos.
Ramificações da família
A partir do casamento dos filhos de Domenico e Angela, os Tronca mesclaram-se a dezenas de outras famílias, conforme descrito abaixo.
:: João Tronca: famílias Pinzon, Leite, Facchin e Moschen
:: Gildo Tronca: (sem filhos)
:: Amália Tronca: família Morais
:: Stefano Tronca: famílias Bonollo, Guerra, Reis, Paim, Cervelin e Panazzolo
:: José Tronca: (sem filhos)
:: Adelino Tronca: famílias Adami, Santos, Facchin, Bonho, Poletto, Romani, Vargas, Oliveira, Mezzomo e Vanoni
:: Romana Tronca: famílias Maggi, Reis, Merlo, Bristot e Henze
:: Luiz Tronca: famílias Cavalcanti, Rossi, Sanvitto, Sartor e Rodrigues
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Atualmente, Nina Tronca dos Reis e Alcides Tronca, netos de Domenico, são os membros da família mais velhos a residir na Rua Tronca.
Parceria
Informações desta coluna são uma colaboração dos leitores Luiz Carlos Tronca, Heleno dos Reis e Ana Maria Maggi.