A morte de Anna Maria Pauletti Rech completa 100 anos nesta segunda-feira. O centenário serve para recordarmos a trajetória da senhora que nomeou um dos mais famosos distritos caxienses, Ana Rech. Ainda hoje os moradores da comunidade guardam traços do trabalho da imigrante.
Ana nasceu no dia 25 de março de 1831, na localidade de Pedavena, província de Belluno, Itália. Em 1877, aos 46 anos, decidiu partir para o Brasil com seus sete filhos (Ângelo, Teresa, Líbera, Giuseppe, Vittore, Maria Giovanna e Giovanni). Chegando à Serra Gaúcha, a imigrante italiana recebeu um lote na região do Travesssão Leopoldina, onde hoje assenta a vila que levou seu nome.
Zaira Polo Dall'Alba e as memórias de Ana Rech
Quando a família chegou à propriedade, a mata era fechada, inacessível, o que obrigou-os a derrubar o mato para construir a casa. Em frente as suas terras, havia uma pequena estrada, por onde passavam tropeiros com gados e transportes de mercadorias, com destino a outras localidades.
Com a intuição empreendedora, Ana Rech observou a constante circulação de pessoas da região e criou um ponto de comércio e um local de pouso para os tropeiros. O estabelecimento tinha amplos cômodos e estrebarias, e logo se tornou uma parada obrigatória para os viajantes que desfrutavam do comércio e da hospedagem da família Rech.
Encontro da família Goes em Ana Rech
Na imagem abaixo, um registro de Ana em 1912, quatro anos antes de seu falecimento.
Bodas de vinho movimentam Ana Rech
A famosa pousada
Com a pousada e o comércio, a fama de Ana aumentou e independente do local de onde eram os tropeiros, eles utilizavam a mesma expressão: “Onde vais pousar?”, perguntava um. “Lá na Ana Rech”, respondia o outro. E foi assim que o nome da imigrante italiana se tornou designação de uma localidade que existe até hoje.
Religiosa, Ana doou terreno para construção da igreja, do convento, do cemitério e do colégio do distrito. A imigrante faleceu em 16 de maio de 1916, aos 88 anos.
– Ana Rech foi nossa matriarca. Na sua figura devemos nos espelhar, símbolo de empreendedorismo e de coragem – reforça o morador do distrito Marcos Vinicius Saccaro, que busca manter viva a memória da imigrante.
Monumento à Ana Rech
Em 11 de novembro de 1977, a imigrante italiana é homenageada com um monumento de bronze, colocado em frente à igreja matriz do distrito. Esculpida por Bruno Segalla, a estátua foi construída por meio da iniciativa de uma comissão de moradores.
Bruno Segalla: diálogos ontem e hoje
No registro acima, os integrantes deste grupo em companhia do escultor. Da esquerda para a direita, vemos Ademar João Bacchi, padre José Lorencini, Bruno Segalla, Valter Susin, Camilo Dal Piaz e Ary Albé.
Bruno Segalla: a história de uma imagem
Durante a inauguração, houve o translado dos restos mortais de Ana Rech do cemitério para o interior da Igreja Matriz Nossa Senhora de Caravaggio.
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Informações desta coluna são uma colaboração de Marcos Vinicius Saccaro e Valter Antonio Suzin.