Observe: toda propaganda que exalta as maravilhas da “melhor idade” se refere à preservação do vigor, à importância da manutenção das atividades físicas e ao desfrute do tempo livre, gasto, preferencialmente, em viagens. Ah, e ao cuidado com a alimentação, endossando que não devemos deixar de lado as visitas regulares ao médico. Perfeito. Sem a observância desses princípios, nossos últimos anos tenderão a ser mais difíceis. O corpo poderá entrar numa espécie de colapso silencioso e, se não nos mantivermos atentos, será provável encontrar prematuramente a derrocada. Sou um entusiasta do cultivo dos hábitos saudáveis, que devem iniciar antes, bem antes destes alertas. A velhice é a época da colheita, e não de jogar sementes no solo. Dito isso, proponho (a mim mesmo, em primeiro lugar) ampliar esse leque de possibilidades. Vamos falar do espiritual? Ou, mais despretensiosamente, de como é necessário conectar-se a um universo de interesses que ultrapassam o conforto material, físico. Esta é uma preocupação que, aos menos avisados, parece restrita a quem se dedica ao mundo das humanidades. Um equívoco que nos afasta desse valioso aprendizado.
Opinião
Gilmar Marcílio: uma existência bem vivida
“A velhice é a época da colheita, e não de jogar sementes no solo.”
Gilmar Marcílio
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