Há muito tempo li a bela frase que dá título a este texto. Ela foi escrita pela chilena Isabel Allende. Sempre que algo importante acontece comigo, sinto vontade de pegar caneta e papel e registrar o fato. Isso passou a ter um valor simbólico extraordinário, como se eu quisesse editar os melhores momentos, uma espécie de seleção do que vale a pena ver/sentir de novo. Talvez uma existência não dê para preencher mais do que algumas páginas, visto que na maior parte dos nossos dias não ocorre nada digno de registro. Acho isso bom, pois se fosse o contrário perderia o fascínio de tudo o que é excepcional. Para dar peso a essas doces miudezas, anoto mentalmente o que desejo que tenha permanência. Tento salvar o que para mim já nasce com a pátina da eternidade e desejarei recordar na minha velhice. Faço como uma prevenção contra um tempo que pode ser de estio. Quero saber o que me alimentou e tornar a memória em um salvo-conduto para me proteger da solidão.
Opinião
Gilmar Marcílio: cadernos de anotar a vida
Somos filhos do esquecimento e contra ele é preciso lutar dia após dia
Gilmar Marcílio
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