Na quinta-feira (21/9), foi o Dia da Árvore. Na percepção da coluna, cortam-se árvores demais em Caxias do Sul. Semana que passou (na segunda-feira, 18/9), teve corte de árvore – um cipreste no estacionamento desativado na área em frente à Estação Rodoviária, sob justificativa de que o cipreste era antigo, que já caíram galhos e que foi um corte preventivo. Os argumentos são da Estação Rodoviária, que teve a iniciativa do corte. Por estar em área privada, e porque o cipreste é árvore exótica, o corte não precisa de autorização da Secretaria do Meio Ambiente, a Semma. "Corte preventivo". Se foi corte preventivo, foi corte antecipado.
Cortes como esse, e são vários pela cidade, passa a imagem de que Caxias do Sul tem pouco apego ao verde – e, na prática, é isso mesmo. A administração municipal deveria prestar atenção a esse ponto. Em um retrospecto recente, e também em uma perspectiva histórica, são muitos os cortes, por motivos os mais diversos e, muitas vezes, aparentemente evitáveis na ótica de boa parte dos moradores e entidades ambientais. A administração deveria sinalizar que defende as árvores. Apesar do discurso oficial, a sensação que passa não é essa.
"Só se cortam as árvores necessárias"
O Dia da Árvore teve plantio de 715 mudas em Caxias do Sul, 70 delas no Parque dos Macaquinhos, e distribuição de mudas na Praça Dante Alighieri.
Aproveitando a data, a coluna formulou duas questões ao secretário do Meio Ambiente, João Uez. Confira:
Na sua avaliação, cortam-se árvores demais em Caxias?
Não. Se cortam as árvores necessárias de serem cortadas. Aquelas que estão podres, com os troncos comprometidos, as que estão rachadas, as que estão secas. Essas, obrigatoriamente tem de se cortar. Vai que caiam em cima de alguém, que machuquem, até tirem a vida em alguns casos, acabam danificando veículos, o município tem de indenizar. Em alguns outros casos, se cortam outras árvores que não estão nessa situação por alguma necessidade, uma tubulação de esgoto que está passando ali e a árvore está entrando na tubulação e, quando vai se fazer a obra da recolocação da tubulação, acaba se comprometendo a raiz da árvore e ela pode vir a ter queda. Evidentemente que se planta muito mais do que se corta, só que se divulga aquilo que se cortou, não aquilo que se planta.
Levando-se em conta que tem havido muitos cortes porque árvores estão velhas: as árvores velhas em vias públicas estão condenadas ao corte? Não há outra saída para elas?
Depende. Tem árvore velha que está muito bom o estado físico dela, como tem árvores novas que não estão boas. Depende muito da sanidade da árvore, se ela está podre, se está seca, se em função de ela ter sido plantada errada ela cresceu torta e pode cair eventualmente num vento. As árvores secas, as árvores podres, que têm comprometimento de sua estrutura, não existe outra situação senão cortá-las. Não é por estar velha que se corta. Se cortam aquelas que estão com a sanidade comprometida. Vamos pegar os plátanos do Parque dos Macaquinhos. Tem mais de 50 anos, são árvores velhas, mas estão em bom estado, com podas periódicas, tirando a erva de passarinho.