Os vereadores Felipe Gremelmaier (MDB) e Rafael Bueno (PDT) protocolaram nesta sexta-feira (30/6) (na foto) projetos para conceder o título de Cidadão Caxiense aos ex-prefeitos José Ivo Sartori (MDB) e Alceu Barbosa Velho (PDT). Alceu foi vice nos dois governos de Sartori (2005-2012) e depois o sucedeu na prefeitura (2013-2016). Gremelmaier assina o projeto que homenageia Sartori e Bueno subscreve a distinção ao pedetista. São projetos separados. Sartori nasceu no interior de Farroupilha e Alceu, em Bom Jesus. O título de Cidadão Caxiense é concedido pelo Legislativo a pessoas que vieram morar em Caxias do Sul, em reconhecimento a relevantes serviços à comunidade.
Muito mais do que duas homenagens a ex-prefeitos, o gesto de as propostas serem simultâneas tem elevado componente político. Sinaliza para uma parceria eleitoral. MDB e PDT são as principais siglas de Caxias do Sul, pela história e pelo número de filiados, mas, no momento, encontram algum embaraço e dificuldade para exercerem protagonismo na eleição de 2024. As duas legendas não dispõem de um nome natural – desconsiderado o de Sartori – com a necessária densidade política para a eleição majoritária. Um cenário assim é péssimo para as duas legendas, especialmente para o MDB, que sempre teve candidato à prefeitura.
Quinze meses antes da eleição, um partido parece olhar para o outro, dando-se conta de que reviver uma exitosa parceria de três eleições pode ser um caminho eleitoral para fortalecer ambas as siglas. MDB e PDT sempre foram próximos, especialmente em Caxias do Sul, e ambas as legendas são bastante críticas ao atual governo, de Adiló Didomenico. Chegaram, inclusive, a refutar participação no Governo Adiló, apesar do líder de governo, Lucas Diel, ser do PDT.
Nesse contexto, a ideia da concessão das homenagens simultâneas a Sartori e a Alceu é emblemática e sinaliza para uma parceria eleitoral em 2024 que, logicamente, ainda precisará se viabilizar politicamente e passar por debate interno em cada sigla. Mas é uma ideia que, já de saída, tem força política.
Esquerda está marcando passo
A esquerda está perdendo tempo precioso tendo em vista 2024. Se não fizer movimentos práticos e visíveis, corre o risco de reproduzir a aliança tradicional, que envolve os parceiros mais próximos. Na conjuntura política atual, em especial no RS, em Caxias do Sul e na Serra Gaúcha, uma alternativa de esquerda precisa, como estratégia eleitoral quase obrigatória, alargar a parceria. Essa diretriz deveria repercutir no lançamento de pontes para atrair PDT e PSB. Mas praticamente não se notam movimentos nesse sentido. Se existem, são tímidos. Enquanto isso, o PDT, que se tornou um partido mais à esquerda em Caxias e até já emitiu sinais para a esquerda, agora vira o olhar para o centro.