O jornalista Henrique Ternus colabora com o colunista Ciro Fabres, titular deste espaço
A saúde de Caxias do Sul ganhou episódios nas últimas semanas que evidenciam a situação crítica. A origem dos recursos para a operação da nova ala do Hospital Geral, que em um primeiro momento terá 83 leitos, ainda não está certa. Um paciente teve atendimento negado em frente à UPA Central, gerida de forma terceirizada pelo InSaúde, que abriu apuração do caso, mas não evitou receber multa da prefeitura. A situação motivou uma CPI da Saúde na Câmara de Vereadores, que reuniu 15 assinaturas para sua abertura, e deve ser instalada nos próximos dias.
O último capítulo veio esta semana, quando a prefeitura anunciou a suspensão das cirurgias eletivas em Caxias por 15 dias, em função da alta lotação nos hospitais.
Samu “à beira de ser inviabilizado”
Segundo a secretária de Saúde, Daniele Meneguzzi, em entrevista à Gaúcha Serra nesta sexta-feira (9), a situação chegou a um ponto “extremo” de todas as ambulâncias do Samu estarem indisponíveis, pois estavam paradas nas emergências por falta de leitos.
O diretor técnico do Hospital Geral, Alexandre Avino, afirmou que “as enfermarias do HG estão sempre 100% lotadas”, e relatou 35 episódios de superlotação somente em 2023. Enquanto isso, a nova ala que deve ofertar novos leitos no HG está parada, aguardando a finalização de obras, que vão ser feitas com verbas repassadas pelo governo estadual, e os recursos para custeio das operações do novo prédio, estimadas em R$ 7 milhões mensais. A expectativa é que o montante venha por meio do Teto MAC (média e alta complexidade), do governo federal.
Recursos federais não resolvem
Uma comitiva de Caxias, com vereadores e representantes dos hospitais Virvi Ramos e Pompéia, terá agenda no Ministério da Saúde na segunda-feira (12) para reforçar o pedido de revisão do Teto MAC. Os recursos federais, inclusive, são aguardados ansiosamente por lideranças que veem os valores como a solução dos problemas. Acontece que todo o valor, sem prazo para chegar, será usado para custeio da nova ala do HG. Não sobrará para as outras instituições, que seguirão nesta situação difícil.
É importante, pelo bem daqueles que esperam ansiosa e sofridamente nas filas de atendimento da saúde pública, que o consórcio entre os municípios da Serra, que dependem de Caxias para atender seus cidadãos, deixe os discursos e se converta em ações efetivas. A espera por recursos não pode prevalecer sobre a espera por um leito.