A jovem que morreu estupidamente domingo passado em Caxias, arrastada por um carro, não teve velório. Consta que foi abandonada pela mãe no hospital. A vida de Angélica é uma história de abandono – começo, meio e fim. Não se sabe quem lhe deu o nome ao nascer, mas certamente notou nela alguma relação com o angelical. Assim, um nome foi escolhido, e a escolha de um nome é, afinal de contas, uma crença na vida. Em uma das poucas imagens dela, há o esboço de um sorriso ainda suave e de alguma expectativa que não se confirmaram. Em algum momento ou fase da vida, teve o acolhimento de avós, mas até essas referências familiares, e de colegas, eventuais amigos ou meros conhecidos foram se perdendo pelo caminho, e Angélica foi ficando só, desarmada para enfrentar a dura realidade. E ela permanecia só quando, de alguma forma, houve a fatídica aproximação com o motorista que passou a dirigir velozmente o carro onde ficou enganchada no domingo passado pelas ruas do bairro Marechal Floriano.
Crônica
Opinião
Angélica foi esquecida do início ao fim. E até depois do fim
Ela permanecia só quando, de alguma forma, houve a fatídica aproximação com o motorista que passou a dirigir velozmente o carro onde ficou enganchada no domingo passado pelas ruas do bairro Marechal Floriano
Ciro Fabres
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