Não deve haver novo adiamento da votação da admissibilidade do pedido de impeachment do prefeito Daniel Guerra, como ocorreu terça-feira passada. A decisão deve sair na sessão de hoje da Câmara. Os cinco dias a mais solicitados pelo vereador Edio Elói Frizzo (PSB), na prática um tempo a mais para tentar alterar um cenário de votação favorável ao prefeito, não surtiram efeito suficiente para uma reviravolta.
Há alguns vereadores ainda fechados em copas em relação ao voto: Paula Ioris (PSDB) e Tatiane Frizzo (PSDB) anunciaram que não abririam posição. Gustavo Toigo esteve sempre na fileira dos indefinidos. Pelo menos 10 parlamentares abriram o voto pelo "não", isto é, contra o acolhimento do impeachment. Outros dois manifestam-se pelo "não", sob a condição do sigilo. São necessários 12 votos, que devem ser confirmados também a partir do exame dos sinais e do perfil político dos vereadores que não abriram o voto até agora.
A colheita da oposição deve chegar a seis votos, quem sabe sete. Frizzo explanou sobre o pedido de impeachment a seus colegas de bancada, a partir da análise que fez. Ele entende que, dos 28 tópicos apresentados pelo ex-vice-prefeito Ricardo Fabris de Abreu, pelo menos dois são capazes de fundamentar a abertura do processo. Mas tem claras as dificuldades para chegar ao volume de votos necessários para abrir o processo.
Assim deve ser o enredo da quinta tentativa de impeachment contra o prefeito Guerra.
Daniel Guerra, ao longo de sua gestão até agora, cometeu riscos. Veio até aqui amparado pelo respaldo eleitoral. Até o momento, os vereadores têm se revelado atentos ao resultado das urnas.
RAIO-X DOS VOTOS
> "Sim" é voto a favor da aceitação do pedido de impeachment.
> "Não" é voto contra a aceitação do pedido de impeachment.
> Quem já abriu voto "não": Adiló Didomenico (PTB), Arlindo Bandeira (PP), Denise Pessôa (PT), Edi Carlos (PSB), Elisandro Fiuza (PRB), Kiko Girardi (PSD), Renato Oliveira (PCdoB), Ricardo Daneluz (PDT) e Rodrigo Beltrão (PT) e Tibiriçá Maineri (PRB). Edi Carlos não abriu voto oficialmente, mas seus sinais são evidentes.
> Quem já abriu voto "sim": Alceu Thomé (PTB), Edio Elói Frizzo (PSB), Gládis Frizzo (MDB), Paulo Périco (MDB) e Rafael Bueno (PDT).
> Edson da Rosa, por seu perfil político, é um voto contrário ao acolhimento. Mas está em uma bancada que abre ou emite sinais pela aceitação do impeachment, o que inclui Felipe Gremelmaier.
> Alberto Meneguzzi (PSB) e Velocino Uez (PDT), por perfil político, tendem ao "não".
> Gustavo Toigo (PDT) e Paula Ioris não emitiram sinais consistentes.
> Tatiane Frizzo (Solidariedade) não abriu posição. Mas Neri, O Carteiro, que é uma referência para sua atuação, votou contra em pedidos anteriores.
Não aditou por pouco
O ex-vice-prefeito chegou a ensaiar no domingo novo aditamento ao pedido de impeachment do prefeito Daniel Guerra, incorporando dois novos tópicos. O primeiro deles, uma emenda a denúncia, sob título "Entrada franca na Festa da Uva", demagogia perigosa, que, na estrutura do pedido, corresponde ao título 12. O segundo são razões (fundamentos) acrescidas ao título Honorários dos Procuradores Públicos (título 10), que Fabris chama de "A lei segundo DG". Seriam mais 15 páginas a serem acrescentadas às cerca de 200 que compõe o pedido completo, para leitura na sessão de hoje da Câmara. Na contabilidade, o número de tópicos do pedido de impeachment do prefeito chegaria 30.
Mudou de ideia
No meio do caminho, Fabris mudou de ideia, e não formalizou o novo aditamento.
— Considerando o encaminhamento ao MP, não protocolarei nova emenda à denúncia na Câmara.
Semana passada, foi um aditamento de véspera que motivou pedido de adiamento da votação pelo vereador Edio Elói Frizzo (PSB).
Desta vez, a menos que ocorra uma surpresa de última hora, não deve haver novo pedido de adiamento e a votação ocorre nesta terça-feira.
Aliás, a pauta da sessão ordinária desta terça-feira da Câmara é composta por um único item: "processo encaminhando denúncia de fatos e pedido de afastamento (impeachment) do prefeito Daniel Antônio Guerra."