Quando Andréia Ferreira, especialista em micropigmentação, ingressou na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, para participar de uma conferência internacional de beleza e negócios, não imaginava que um dia subiria ao palco de uma das mais renomadas instituições de educação do mundo sem ao menos ter feito uma faculdade.
Mas em mais de uma década de empreendedorismo, mais do que acumular cursos de especialização e diversos prêmios mundiais pelo seu trabalho, a caxiense se destacou por uma técnica que vem sendo considerada a mais realista do mundo para micropigmentação paramédica pós-cirúrgica, principalmente para pacientes que precisam reconstruir a mama após o câncer.
No mês passado, ela palestrou em Harvard no mesmo evento em que estavam nomes importantes do empreendedorismo mundial. A CEO do Studio Andréia Ferreira, que começou atuando com micropigmentação de sobrancelhas, também abriu um instituto em Miami, onde auxilia na formação de profissionais.
Após a palestra em Harvard, Andreia segue para outros destinos em um tour mundial para propagar seu trabalho. Depois dos Estados Unidos, passa por México, Colômbia, Portugal, Equador, Espanha, Itália e República Dominicana. Conheça um pouco mais de sua história:
Como iniciou o teu trabalho com micropigmentação e o que faz essa técnica?
Meu primeiro trabalho profissional foi na área da estética. Eu conheci primeiro o design de sobrancelhas e, depois, a micropigmentação delas. Em um determinado momento, em um congresso, me deparei com a técnica de micropigmentação paramédica, que é esse trabalho que eu desenvolvo. Um deles é a reconstrução total de aréola e mamilo no pós-câncer de mama, em pós-necrose, e isso me encantou desde o primeiro segundo que eu visualizei. Eu fui estudar, fui me especializar para poder realizar esse procedimento e para ajudar outras mulheres assim como eu tinha visto naquele palco.
Há quantos anos já tens a tua própria marca em Caxias do Sul e quando ela deixou de ser uma prestadora de serviços para se tornar uma formadora de profissionais?
São 12 anos que eu trabalho com a minha empresa. Antes disso, já trabalhava desde os 17 anos. Quando eu comecei a empreender, não tinha a visão da proporção que o negócio poderia tomar. A ponto que eu fui trabalhando e fui tendo resultados e as pessoas começaram a me procurar para poder ensinar, para poder dividir aquilo que eu fazia. Era a época das sobrancelhas fio a fio, em que poucas pessoas faziam. Eu tinha ido para São Paulo fazer o primeiro curso de sobrancelhas desse tipo e isso foi chamando a atenção. Hoje, além de ter minha escola em Caxias, eu tenho também uma em Miami. Fico extremamente feliz em entender o quanto nós crescemos.
Quando começou essa atuação internacional?
Não faz muito tempo que nós abrimos em Miami, foi neste ano ainda, mas o que me levou a criar uma escola fora do meu país foi justamente o reconhecimento mundial do meu trabalho. Isso foi potencializado depois que eu ganhei um campeonato mundial em micropigmentação areolar, em que realmente eram julgados as dificuldades e o realismo da técnica, que nada mais é do que criar um efeito de projeção e profundidade no desenho de aréola do mamilo. Cada vez que eu recebo um convite para palestrar em um novo país, e que eu subo no palco para apresentar minha técnica, acaba chamando a atenção dos outros e assim resolvi criar uma escola fora para facilitar a certificação internacional.
E quantos profissionais hoje atuam contigo nas tuas unidades?
As pessoas pensam que eu tenho uma superequipe e, na verdade, não! Todo o sistema de vendas é online, eu tenho somente quatro pessoas na minha equipe e nos viramos em 30.
Com a expansão, como consegue manter o trabalho presencial que te destacou?
Eu faço atendimentos, eu amo demais fazer isso, é uma coisa que eu não abro mão. Claro que acaba acumulando um pouco mais quando eu estou fora. Já tive equipes muito grandes justamente pelo fato de não estar tão presente, mas não consegui administrar isso. Então, quando estou no Brasil, faço atendimentos e, quando estou fora, faço lá, porque eu amo demais fazer os procedimentos e poder oferecer essa transformação.
Como se sentiu na conferência em Harvard?
Foi uma realização muito grande eu ainda estou me recuperando porque não faz tanto tempo ainda. É um sonho mesmo, era algo que jamais tinha passado pela minha mente. É muito gratificante parar e pensar que não se passaram tantos anos assim, de alguém que não tinha absolutamente nada de nada, poder chegar dentro de uma universidade como Harvard e poder apresentar uma técnica própria. O mais bacana é que, além de falar sobre ela, eu pude executar, eu pude mostrar o que eu faço e gerar essa transformação lá dentro também. Foi muito incrível, acho que uma das maiores conquistas profissionais e pessoais também.
Qual tua formação acadêmica?
Eu não tenho formação acadêmica, essa é uma pergunta até bem recorrente. Eu comecei com a massoterapia, depois fiz outros cursos dentro da estética, mas eu não tenho uma formação acadêmica. Eu sempre brinco que eu sou formada na vida, porque as situações cotidianas nos preparam para tanta coisa... O empreendedorismo é uma luta constante a ponto de, mesmo não tendo uma faculdade, hegar a palestrar dentro de uma universidade como Harvard. Aí a gente entende que é um passinho por vez e é nessa jornada que a gente vai aprendendo.
E os próximos passos?
Eu já recebi proposta para levar o meu curso como extensões universitárias tanto em instituições do Brasil quanto de outros países.