Quem disse que é preciso ser grande, com muitas lojas, para virar uma marca de supermercado de sucesso? O Super Forlin manteve-se como mercado de bairro, apostou em personalização no atendimento, no amplo mix de produtos e garantiu uma clientela fiel. Clientela essa que acompanha o estabelecimento reconhecido no bairro Santa Catarina há 53 anos.
Com o negócio familiar mais do que consolidado na Rua Matteo Gianella, em Caxias do Sul, e com a intenção de perpetuação de geração em geração, o atual diretor Flávio Forlin – herdeiro empresarial do fundador –, tirou da gaveta um projeto ambicioso acalentado ao longo de muito tempo.
Como um sonho realizado, o Super Forlin deixa de ser um supermercado para transformar-se numa rede. Deixa de ser singular, para ser plural. A segunda loja está prestes a ser inaugurada, no bairro Panazzolo.
O empreendimento chegará como supermercado-conceito, com a criação de 20 empregos diretos e investimento de R$ 1,5 milhão, incluindo açougue, fruteira e produção própria na padaria, além de estacionamento para 40 veículos. Enquanto investem na nova loja física, os sócios ainda apostam no potencial de seu canal online, um filão que ganha espaço com a possibilidade de fazer o rancho pela internet.
A seguir, entrevista concedida por Flávio Forlin ao Pioneiro:
Conte um pouco da história do Super Forlin.
A empresa foi fundada em 1966 pelos meus pais, José e Eclair Forlin – que todos conhecem como Dona Clara, na verdade. Começou como um pequeno armazém, atendendo os empregados das empresas da região, que na época era de referência industrial em Caxias do Sul. Sempre estivemos situados no mesmo ponto, na Rua Matteo Gianella, 677, bairro Santa Catarina. Nos primórdios, era uma empresa tipicamente familiar, que iniciou comigo e minhas três irmãs, trabalhando ainda pequenos. Crescemos, eu e minhas irmãs, Vania Boff, Luciana Vanset e Roberta Forlin, dentro da loja. Foi a partir de 1995 que começamos uma busca por ampliar o atendimento, com a implementação da padaria própria. Depois de adultas, as minhas irmãs optaram por novos caminhos profissionais e pessoais, e acabaram deixando o negócio. Em um primeiro momento, esse contexto gerou muita angústia, o que costuma acontecer com as empresas familiares quando precisam encarar a troca de gerações no seio do negócio. Depois desse período de reavaliar, repensar, surgiu com mais intensidade a vontade de inovar e crescer. Com o falecimento do meu pai, em fevereiro do ano passado, essa questão se tornou mais urgente.
Por que após tanto tempo de mercado a empresa resolveu investir em uma segunda unidade?
Acreditamos em nosso modelo de negócio, e temos clientes que chegam de todas as partes da cidade buscando a qualidade, e o momento financeiro era apropriado. Além do que, um ponto de venda só, neste ramo, implica em maior restrição de compras. Com mais uma unidade, percebemos que poderíamos ganhar em escala. Avaliamos que melhorar nosso poder de compra era fundamental, e para isso se fazem necessários novos pontos de venda.
A expansão inaugura uma nova fase na história da empresa?Sim, com certeza. Consideramos essa nossa terceira unidade, a segunda é a digital, em nosso plano de negócios. Mas é uma mudança de paradigmas que impacta em diversos aspectos. Sem sombra de dúvidas, ao abrir a segunda unidade, a empresa se reformula como um todo, com novas perspectivas, novas possibilidades de gestão da empresa também. A loja física representa um impacto que a loja online não traz, justamente por essa última não ter estrutura física. Mas a loja online muda a mentalidade de venda, por outro lado.
Como é criar uma empresa com conceito no mercado de atuação?
É um trabalho árduo, de entendimento e persistência. Precisamos entender o que o nosso cliente quer e entregar, de forma criativa, com persistência, pois os resultados não se consolidam em pouco tempo. É a busca por produtos de alta qualidade, que entregam sabor e frescor, diversificação no mix da loja, trabalhadores qualificados e satisfeitos no local de trabalho, atendimento às normas da Vigilância Sanitária, que são muitas e mudam constantemente. É um grande conjunto de preceitos para entregar um serviço que satisfaz o cliente de gosto mais exigente. Para isso, também contamos com várias assessorias e profissionais que nos dão suporte. Mas sem a qualidade do produto, do serviço, nada perdura.
A expansão de grandes cadeias, como Zaffari e Andreazza, assusta as redes menores?
Acreditamos que há espaço para todo mundo, pois geralmente são públicos diferentes. Não nos assusta, particularmente, pois acreditamos no nosso diferencial, na qualidade do nosso produto e serviços. Todos têm pontos positivos e negativos. Nosso foco agora é crescer sem perder nossos pontos positivos, como o bom atendimento.
Como se diferenciar num setor empresarial tão competitivo?Somente com qualidade, e cumprindo a promessa, pois toda venda carrega uma promessa, a nossa é produtos de qualidade na mesa do consumidor. Além de ter bons produtos à disposição do cliente, buscamos diariamente treinar a equipe, oferecendo suporte também para nossos funcionários, para que tenham satisfação em trabalhar conosco e incorporar os valores da empresa no dia a dia.
A crise dos últimos anos afetou o negócio e o poder de consumo do público?
Sim, afetou, acreditamos que todos perdemos de alguma forma, mas acreditamos firmemente na retomada para este ano. Além disso, o setor de alimentação sofre com as variações do mercado, mas trabalhamos com itens que são compras de primeira necessidade. Todos precisam se alimentar todos os dias. Reduzimos custos, focamos na eficiência, pretendemos ganhar em escala, mas um consumidor que preza pela qualidade do alimento vai priorizar esse investimento. Não adianta reduzir a qualidade dos produtos, mas sim os custos. Esse é o nosso pensamento.
Qual a previsão de crescimento em 2019 com a abertura da nova filial?
Pretendemos mais que dobrar o faturamento com a abertura da nova loja. A nossa expectativa é que ela não traga apenas rendimentos diretos, mas sirva como um emblema da marca Forlin. A mudança na identidade visual e a criação da loja-conceito servirão para atrair consumidores que buscam qualidade. No ponto da Matteo, prevemos um crescimento de 15% e nossa meta é um aumento de 200% nas vendas do supermercado online, que começamos a operar em outubro de 2018 e tem bastante espaço para avançar.
Há algum setor no mercado que tenha ganhado projeção nas vendas?
Açougue, padaria e hortifrutigranjeiros são as áreas que mais apresentam crescimento de vendas. Inclusive, estamos ampliando as ofertas semanais nesses segmentos, para que mais pessoas conheçam os produtos da padaria, de fabricação própria. Trabalhamos também para proporcionar uma grande variedade de opções no açougue. A aposta é em itens que facilitem o dia a dia das famílias, já que todos temos cada vez menos tempo.
A inadimplência preocupa?
Preocupa sim, e trabalhamos para diminuir esse índice cada vez mais. Mas justamente pela mudança da economia como um todo, com cada vez menos cheques circulando, e o fato de não oferecermos prazos muito alongados para os pagamentos, a inadimplência acaba sendo mais restrita no nosso modelo de negócios.
Quais os planos de expansão da rede. Há projetos para novos mercados e/ou franquias?
Vamos aguardar o desenvolvimento da filial, esperar os números se consolidarem. Crescimento precisa ser estruturado, porque neste ramo, envolve muitas variáveis e muito investimento. Se o retorno que planejamos se concretizar, temos sim a perspectiva de abrir novos pontos. Mas agora é trabalhar para que a nova loja realize todo o seu potencial.