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"De um limão, fizemos uma belíssima limonada suíça."
A frase de Francisco Gomes Neto, CEO da Marcopolo, exprime o sentimento de orgulho e de retomada da autoestima industrial um ano e cinco meses após o incêndio que consumiu a planta de plásticos da empresa no bairro de Ana Rech, em 3 de setembro de 2017, estragando moldes, interrompendo momentaneamente a produção e exigindo intervenção em processos e logística.
Nesta quinta-feira, o espírito era outro. De superação. Os executivos da fabricante de ônibus apresentaram a jornalistas o moderno e avançado Centro de Fabricação, erguido no mesmo local destruído pelo fogo, com investimento estimado em R$ 70 milhões. Há quem projete a aplicação de recursos de quase R$ 100 milhões até a conclusão da fábrica, que unificará a montagem de componentes e subconjuntos metálicos destinados às carrocerias dos ônibus. As peças ainda são executadas em diferentes unidades – incluindo a Neobus e a planta do bairro Planalto –, mas aos poucos serão desenvolvidas totalmente na nova operação, melhorando a produtividade e a sinergia, além de reduzir custos.
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No momento, apenas 30% da nova planta fabril está sendo utilizada e 180 funcionários integram inicialmente a força de trabalho. A meta, com a vinda de mais maquinários, alguns importados da Itália, é chegar até o final do ano com 800 funcionários nessa unidade, remanejados da própria empresa. Não há oportunidades de emprego abertas hoje, mas também não está descartado que isso possa ocorrer no futuro. Com isso, as 14 mil peças produzidas por dia na nova operação saltarão para algo como 70 mil peças ao dia, salienta André Matté, coordenador de fabricação da companhia.
O "inesperado desafio" de reconstruir das cinzas a operação foi cumprido, anunciou o CEO. Os entulhos do incêndio foram recolhidos e, do zero, foi erguido o novo Centro de Fabricação. Já a unidade de plásticos, a partir da necessidade de restauração das atividades de forma rápida no pós-incêndio, foi instalada em estrutura junto à Neobus (empresa adquirida pela Marcopolo em 2016), também no bairro Ana Rech, além de contar no primeiro momento com o engajamento de empresas terceirizadas para dar conta da demanda. Incluindo a construção do Centro de Fabricação (desde estrutura até equipamentos) e dos maquinários para a unidade de plásticos (o prédio já existia), o aporte financeiro chega a R$ 140 milhões.
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Em área total construída de 19,6 mil m², a nova fábrica que renasce dos escombros começou a operar no dia 24 de janeiro, mas de forma gradual, não em seu pleno potencial. Ela é a concretização de esforços de um grupo de trabalho multifuncional, reunindo 223 profissionais de vários setores da Marcopolo, para planejar, executar e reconstruir uma empresa a partir de quatro guias-mestras: segurança, qualidade, entrega e custo.
O projeto traz novos conceitos de produção que proporcionam renovação natural de ar, telhado e revestimento lateral com isolamento térmico, iluminação por LED com regulagem automática da luminosidade e infraestrutura preparada para receber equipamentos com tecnologias da indústria 4.0. No novo centro, são realizadas as operações de corte de tubos – a laser, com serras automatizadas e sistema robotizado, a partir de chapas de aço.
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