Para uma plateia atenta, Tarcísio Michelon, filho de caxienses e diretor-superintendente da Rede de Hotéis Dall'Onder, mostrou nesta segunda-feira, na reunião-almoço da CIC de Caxias, como transformou a cara do turismo de Bento Gonçalves a partir de uma visão coletiva que valoriza a essência da Serra: "a cultura da nossa gente".
Percebeu na arquitetura da imigração italiana do hoje Caminhos de Pedra algo genuíno, ajudou a restaurar as casas antigas e a identificar as vocações de cada família, criando assim a Casa do Tomate, a Casa da Erva-Mate, a Casa da Ovelha.... Hoje, o roteiro abriga 84 estabelecimentos. Não houve tombamento. A conscientização veio a partir do "dinheiro no bolso do gringo".
Estimulou a Maria Fumaça, perfazendo três cidades, que hoje transporta 300 mil turistas por ano. Viu crescer a força das vinícolas do Vale dos Vinhedos. Foi protagonista de uma engrenagem chamada turismo, que ajuda a alavancar sua rede de hotéis.
– Aproveitamos o que tínhamos. Não precisamos inventar muito. Uma criança dando mamadeira a uma ovelha pode ser inesquecível – ilustrou, evocando um dos atrativos do Parque da Ovelha.
Hoje, Bento Gonçalves sedia mais de mil eventos por ano. E, para o empresário, ali está a principal lacuna a ser explorada por Caxias do Sul, comparando-a com São Paulo, a cidade que mais fatura com o turismo de eventos no Brasil. Falou da necessidade de Caxias ter um centro de convenção com gestão privada.
Curiosidade: segundo Michelon, até 1960, a Serra Gaúcha era o maior destino turístico do Rio Grande do Sul, tendo o Desvio Blauth, em Farroupilha, como o primeiro roteiro de veraneio, seguido pelo Bela Vista Parque Hotel, em Caxias. Quando as empresas de turismo rodoviário não conseguiam vaga nos hotéis de Caxias, eram deslocadas para Bento Gonçalves, onde os turistas perguntavam-se: "o que fazer neste fim de mundo?"
– Nos preocupamos em dar a resposta.
De 1960 a 1980, a decadência econômica foi a grande amiga do desenvolvimento do turismo em Bento Gonçalves, frisa.
Os empresários presentes na reunião-almoço questionaram Tarcísio Michelon sobre como conseguiu convencer autoridades políticas e empresariais para alavancar o turismo em Bento Gonçalves. Ele salientou que a vida toda ouviu os empresários jogando a culpa nos políticos. E admitiu: "sem uma iniciativa privada forte, não se desenvolve o turismo em lugar nenhum". Classificou sua aposta de 37 anos no turismo como um ato de teimosia e amor.
– Toda a minha obra no turismo foi uma obra de amor.
E deu outra dica: além de festas, é preciso apostar em atrativos permanentes. Sobre como pretende se inserir no mercado caxiense, com seu novo hotel, disse que "já tem planos" e que "é amigo de Caxias". E apontou quesitos que Caxias tem, além de belezas naturais: mais força política e empresarial, mais território e mais projeção.
Expansão da rede de hotéis
A Rede de Hotéis Dall'Onder, que conta hoje com dois hotéis em Bento Gonçalves, ampliará a rede para mais três empreendimentos.O hotel de Caxias (com 204 apartamentos), em construção nas proximidades do Shopping Iguatemi, será inaugurado até abril de 2018, o de Garibaldi (com 125 quartos) estreará em dezembro do próximo ano e o do bairro Planalto, em Bento Gonçalves (com 300 apartamentos), em 2019.
Os investimentos são no formato condo-hotel, em que os investidores locam o imóvel para a exploração hoteleira.Com isso, os atuais 240 funcionários chegarão a 600. Os mais de mil leitos no momento saltarão para 2,5 mil até 2019.
Caixa-Forte
Dall'Onder abrirá três novos hotéis até 2019 na Serra e aposta na força do mercado caxiense
Na reunião-almoço desta segunda-feira, na CIC de Caxias, Tarcísio Michelon mostrou como ajudou a impulsionar o turismo de Bento Gonçalves e disse que já tem planos para Caxias, de quem é "amigo"
Silvana Toazza
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