As enchentes que causaram mortes e estragos no Rio Grande do Sul mobilizam uma força-tarefa de bombeiros de todo o Brasil: foram dezenas de equipes deslocadas para ajuda humanitária, resgates, desobstrução de estradas e de pontes. Passo Fundo, no norte gaúcho, está entre os municípios que enviaram ajuda: foram 76 agentes do 7º Batalhão de Bombeiros Militar (BBM). Desses, 61 seguem em campo.
De acordo com o comandante Alessandro Vicente Bauer, 40 bombeiros foram destinados a Pelotas, na Região Sul, e outros 36 a Bento Gonçalves, na Serra. Em Pelotas, o foco foi preventivo, antes da chegada das enchentes, a fim de retirar pessoas dos locais de risco ou realizar salvamentos. Já na Serra, o trabalho foi de busca por desaparecidos.
— Em Bento Gonçalves, nossas equipes aturam em busca de pessoas soterradas, retirada de pessoas de local de risco e desobstrução de pontes. Lá, as buscas permanecem. Ainda tem cinco pessoas desaparecidas. Em Pelotas, a mobilização só termina quando a água baixar — destaca.
Até as 18h de segunda-feira (20), havia 88 desaparecidos e 157 mortos por causa do excesso de chuva que atingiu o RS nos últimos dias de abril e começo de maio. Ao todo, são 581.633 desalojados e 76.188 pessoas em abrigos. Um novo boletim deve atualizar os números às 8h desta terça (21). Saiba quem são as vítimas e desaparecidos confirmados pela Defesa Civil.
"O bombeiros atua com todas as suas forças", diz comandante
Pessoalmente envolvido no trabalho, Bauer esteve em Bento Gonçalves durante uma semana e conta que, em seus 13 anos como bombeiro, nunca vira nada parecido. Conforme o militar, foram 104 grandes deslizamentos de terra que atingiram a região, tornando inacessível a chegada em uma série de trechos.
— O bombeiro atua com todas as suas forças. Nós todos temos a consciência que vamos além do nosso dever como militares, mas a vontade de ajudar supera tudo. Também somos cidadãos e esse desastre mostrou uma grande irmandade entre os bombeiros de todos os estados — relata.
Hoje, bombeiros de sete estados ainda operam nas áreas mais atingidas, mas o RS chegou a contar com a ajuda de militares vindos de 12 unidades da federação. Com diferentes necessidades nas operações, que perpassam deslizamentos e enchentes, a saúde física e mental enfrenta situações-limite.
— Nosso efetivo está motivado pra essa atuação pela magnitude e pela necessidade, mas temos equipes de médicos e psicólogos que atuam cuidando das nossas equipes, damos uma atenção importante para isso — pontua.