Por Márcia Capellari, diretora institucional do Instituto Aliança Empresarial
Sob a ótica do empreendedorismo e da inovação, não há resultados sem que o processo ocorra, num primeiro momento, no CPF da “pessoa empreendedora” por meio de habilidades e competências capazes de resolver problemas com autonomia e criatividade. Um ambiente que potencializa essas conexões tende a aumentar a maturidade de inovação da empresa, gera transformação cultural e fortalece a geração de riqueza.
O mundo vem passando por mudanças profundas e, para isso, precisamos sair do "raso" e partir para aprofundar os conhecimentos, contextualizando a história que subsidia soluções para o presente e proporciona estrutura "gordura" para dar conta do futuro incerto.
A presença das competências femininas pode contribuir com o debate a partir do entendimento de que não se trata de uma guerra de gêneros, mas da soma das diferentes forças e experiências
MÁRCIA CAPELLARI
empreendedora
Nesse contexto, a presença das competências femininas pode contribuir com o debate a partir do entendimento de que não se trata de uma guerra de gêneros, mas da soma das diferentes forças e experiências.
De acordo com dados do Sebrae no Rio Grande do Sul, apenas 6% dos negócios registrados são liderados por mulheres, o que destaca uma significativa disparidade de gênero no empreendedorismo na região.
Em âmbito nacional, porém, surge um aumento notável, alavancado por São Paulo (23,9%) e Minas Gerais (9,5%). Esses dados indicam uma tendência crescente de mulheres que assumem papéis de liderança e se estabelecem como chefes de domicílio, representando 51% donas de negócios, o que é considerado um recorde.
Desafios pela frente
No entanto, apesar desses avanços, ainda existem desafios significativos a serem superados. Nos últimos seis anos, embora a proporção de mulheres com ensino superior que são donas de negócios tenha aumentado de 22% para 28%, elas continuam ganhando um rendimento médio real menor que os homens em muitos setores e segmentos.
Essa diferença de rendimento, juntamente com o fato de que as mulheres estão proporcionalmente mais jovens e com menos tempo na atividade empreendedora, destaca a necessidade de mais apoio e recursos financeiros para o empreendedorismo feminino.
Para potencializar a presença delas no empreendedorismo e inovação, é crucial abordar esses desafios e mudar o viés cultural que ainda persiste. Isso inclui oferecer mais oportunidades de financiamento, mentorias e redes de apoio que sejam especificamente voltadas às necessidades das mulheres empreendedoras.
Além disso, é importante fomentar um ambiente de negócios que valorize e celebre a diversidade, reconhecendo as contribuições únicas que as mulheres podem trazer para a inovação e o desenvolvimento econômico. Com essas mudanças, podemos esperar não apenas aumento no número da presença feminina nos negócios, mas também um avanço significativo na qualidade e no impacto de seus negócios.
Márcia Capellari é diretora institucional do Instituto Aliança Empresarial.