Por Nadja Hartmann, jornalista
Com o slogan “Não ao Aumento, Sim ao Alimento”, o Comitê de Entidades Empresariais de Passo Fundo se manifestou oficialmente e de forma conjunta contra o aumento de impostos no RS causado pelo decreto do governo do Estado de corte de incentivos fiscais.
A nota, assinada por nove entidades, acusa o governo de estar “insensível” ao apelos da sociedade e alerta para o aumento no preço de produtos da cesta básica. No final, as entidades fazem um apelo ao governador Eduardo Leite para que não avance nessa proposta.
No olho deste furacão estão políticos da região, entre eles a delegada Nadine Anflor (PSDB), de Getúlio Vargas, relatora da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que rejeitou os recursos protocolados pelas bancadas do PT e do PL que poderiam sustar o decreto que entra em vigor na próxima segunda-feira, 1º de abril.
Com uma trajetória meteórica dentro do PSDB, a deputada é um dos nomes do partido para concorrer à prefeitura de Porto Alegre, mas pode sair chamuscada deste impasse...
Resposta das urnas
Além da deputada Nadine, outro político da região que pode sair chamuscado é Mateus Wesp, assessor especial do governador e um dos principais articuladores do governo na Assembleia. Em 2020, como deputado e líder do governo, Wesp foi um dos principais responsáveis por garantir a aprovação do projeto de prorrogação do ICMS majorado, também fortemente criticado pelas entidades empresariais na época.
Com isso, ganhou o respeito do governador, mas perdeu apoios importantes, o que pode ter custado a sua reeleição em 2022. Como um dos nomes cotados pelo PSDB de Passo Fundo para compor a majoritária, ao lado do prefeito Pedro Almeida, Wesp tem se mantido longe dos holofotes da polêmica, até porque se o aumento significar menos comida na mesa da população, as urnas poderão dar a sua resposta em outubro...
Aplausos “silenciosos”
Falando em resposta das urnas, se depender das manifestações dos vereadores na sessão de segunda-feira (25), o funcionalismo municipal de Passo Fundo está com as suas reivindicações de reajuste salarial garantidas.
Na tribuna, todos os vereadores, inclusive da situação, defenderam a valorização da categoria e até mesmo o líder do governo, vereador Gio Krug (PSD), foi aplaudido “silenciosamente”, com dezenas de mãos abanando... O apoio ao funcionalismo nos discursos foi tanto que dava até para acreditar que se o projeto do Executivo fosse à votação durante a sessão, seria rejeitado por unanimidade.
Decreto
É claro, porém, que as principais críticas ao projeto enviado para a Câmara propondo 5,5% de reajuste vieram da oposição. Ou quase... O presidente, vereador Saul Spinelli, do PSB (partido que faz parte do governo), foi enfático ao manifestar sua contrariedade pelo fato do projeto ter sido protocolado em regime de urgência, sem tempo para ampliar o debate. Aliás, o projeto só não foi à votação durante a sessão por causa de um pedido de vistas da vereadora Regina Costa (PDT), que acusou o Executivo de ter enviado um decreto e não um projeto para a Câmara.
É que, ao optar por enviar o projeto aos 48 minutos do segundo tempo, o Executivo repassou ao Legislativo a responsabilidade do reajuste não entrar na folha de março, já que para isso, teria que ter sido votado até segunda-feira (25), dois dias depois de ser protocolado...
Outra cobrança feita tanto pelos vereadores da oposição como da situação foi o projeto que garante a mudança de padrão dos profissionais da área de Enfermagem. Talvez seja essa a “carta na manga” do Executivo nas negociações...
Mobilização
Apesar da mensagem retificativa do Executivo enviada à Câmara na manhã de segunda (25) ter sido comemorada como uma vitória do Simpasso e do CMP-Sindicato nas negociações, o aumento que passou de 9% para 12% no ticket-alimentação está longe de ser aceito como uma compensação pela categoria, como aconteceu no ano passado. Pelo contrário, os sindicatos souberam muito bem capitalizar o avanço na proposta apenas como resultado da mobilização, o que deve garantir ainda mais gás para as manifestações que estão sendo chamadas para esta quarta-feira (27), quando o projeto deve ir à votação.
Expectativa
O MDB de Carazinho, que continua sem um nome para concorrer à majoritária, marcou um encontro para esta quinta-feira (28), quando pretende bater o martelo e anunciar o nome do presidente do Hospital de Clínicas de Carazinho, Jocélio Cunha como candidato à vice, ao lado de vereador Daniel Weber (PP). Porém, entre a expectativa do partido e a realidade pode haver uma longa distância... Em contato com esta coluna, Jocélio ainda se mostrou bastante reticente em aceitar o convite e colocar o seu nome à disposição.
Pesa para isso, o trabalho que vem realizando junto ao HCC, seus negócios pessoais e ainda a posição que hoje ocupa como membro do Conselho Superior da Federasul. Sem filiação partidária, Jocélio terá que se decidir até 5 de abril, quando se encerra o prazo de filiações de candidatos.
A propósito I: como presidente do Hospital de Clínicas de Carazinho, Jocélio Cunha é um dos palestrantes convidados do evento “Tá na Mesa” da Federasul no próximo dia 3 de abril, em Porto Alegre, quando estará apresentando o “case” do HCC, juntamente com mais três hospitais do Estado: a Santa Casa de Porto Alegre, Hospital São Lucas, da PUCRS e o Hospital de Clínicas de Passo Fundo.
A propósito II: sobre filiações, o vereador Evandro Meirelles (PTB) entrou em contato com esta coluna para dizer que não está indo de “salto alto” para as conversas com os partidos. Muito pelo contrário, diz que mantém a humildade de sempre ao fazer política. Quanto ao seu futuro partido, a decisão já está tomada, mas só será anunciada no dia 5 de abril para não entrar areia. Garante que não é o PSD, mas adianta que é um partido da base do governo Pedro Almeida...