Por Nadja Hartmann, jornalista
Após a discussão na sessão de segunda-feira (23) entre o vereador Rodinei Candeia (Republicanos) e a vereadora Eva Lorenzatto (PT) envolvendo a guerra entre Israel e a Faixa de Gaza, o tema voltou à pauta da Câmara de Vereadores de Passo Fundo na quarta-feira (25), com a votação da moção de repúdio à apologia ao terrorismo “feita por entidades e entes políticos favoráveis aos atos que o grupo Hamas vem fazendo contra Israel”, proposta pelo vereador Candeia.
Apesar de não estar explícito no texto, a moção de repúdio teria como um dos alvos a polêmica manifestação da deputada Luciana Genro (PSol) em defesa da resistência palestina. Porém, após um empate de 10 a 10 no resultado da votação, a moção acabou sendo rejeitada com o “voto minerva” do presidente da Casa, vereador Alberi Grando (MDB), que justificou seu voto contrário chamando a moção de “inócua”.
Divisão
Aliás, quando se trata de pautas polêmicas, envolvendo questões mais ideológicas, os vereadores da situação e oposição raramente conseguem votar em consenso, o que não é de se admirar, dada a composição um tanto eclética de ambos os grupos, que reúnem, na oposição, partidos como o PL e o PT, e na situação, União Brasil e PSB...
Na votação da moção, por exemplo, a proposta foi rejeitada com os votos dos vereadores Alberi Grando e Janaína Portella, do MDB; Edson Nascimento, do União Brasil, Michel Oliveira e Saul Spinelli, do PSB, e Indiomar dos Santos, do Solidariedade, todos da situação, e ainda com o voto dos vereadores da oposição, Eva Valéria, do PT; Regina Costa e Ernesto dos Santos, do PDT; Altamir dos Santos, do Cidadania e Rufa Soldá, do PP.
Vale destacar que o autor da moção, Rodinei Candeia, é líder da oposição na Câmara. No entanto, os únicos vereadores da oposição que votaram com o líder foram Ada Munaretto, do PL e Renato Tiecher (Podemos).
Polêmica da Presidente Vargas
E a bola da vez do grupo de oposição na Câmara tem sido as obras na Avenida Presidente Vargas. As críticas às obras e aos transtornos que vêm causando aos moradores já se tornaram até repetitivas nos pronunciamentos de vereadores como Candeia, Tiecher e Ada Munaretto.
Além da demora nas obras, os vereadores levantaram preocupação principalmente com o estreitamento da pista, o que pode vir a causar congestionamentos. Já o líder do governo, vereador Gio Krug (PSD), lembrou que o projeto foi discutido com os vereadores, inclusive, com a presença dos engenheiros responsáveis. Iniciada em maio, a obra contempla 5,2 quilômetros entre a rua General Canabarro e o Trevo do Ricci.
Obras
Nesta quarta-feira, o deputado Luciano Azevedo confirmou a emenda de R$ 6,7 milhões que será liberada pelo Ministério das Cidades para obras de asfaltamento nos bairros Petrópolis, Manoel Portela e Vera Cruz, além do Distrito Industrial de Invernadinha.
Ainda falando em obras, durante reunião no Ministério dos Transportes com a presença do governador Eduardo Leite, o deputado Luciano Azevedo (PSD) reforçou a importância das obras que vem sendo reivindicadas pela região, como os acessos na BR 285, entre o trevo do bairro São José até o contorno do trevo a cidade de Pontão, além da pavimentação da rodovia Transbrasiliana (BR-153), entre Passo Fundo a Erechim.
A promessa do governo, segundo o deputado, é que os projetos estejam concluídos no primeiro semestre de 2024. Na quarta-feira, o governo federal anunciou a destinação de R$ 800 milhões para cinco rodovias federais gaúchas. Na região, a obra contemplada foi a duplicação da BR-386, entre Soledade e Fontoura Xavier, com o custo de R$ 340 milhões.
Espaço
E, enquanto o PSDB finca bandeira no governo Pedro Almeida, o MDB, do vice-prefeito João Pedro Nunes, reforça os seus espaços regionais na esfera do governo do Estado. Conforme adiantado por esta coluna, o presidente do MDB em Passo Fundo, Luciano Fortes assume na semana que vem o cargo de Delegado Regional do Trabalho.
Com isso, fica vago o cargo de diretor de Turismo na Secretaria de Desenvolvimento de Passo Fundo, que pode entrar no lote de negociação com o recém-chegado PSDB ou ainda no lote de agrado a outros partidos aliados insatisfeitos com a perda de espaço.
Questão de honra
O vice-governador Gabriel Souza estará em Carazinho na sexta-feira (27), quando participa do Ideias na Mesa, da Associação Comercial e Industrial do município. Durante o encontro, lideranças empresariais juntamente com o prefeito Milton Schmitz devem reforçar a posição contrária de Carazinho à construção do presídio na BR-285.
A esperança é que o vice-governador, por ser do mesmo partido do prefeito, se transforme em peça-chave para barrar as obras. A questão virou questão de honra para o MDB de Carazinho... Mais do que isso, certamente estará no centro do debate político em 2024, já que o principal nome da oposição, o ex-vereador João Pedro Azevedo (PSDB), é assessor do secretário Mateus Wesp, um dos defensores da obra no local.
A propósito: o vice-governador também visita o Hospital de Caridade de Carazinho, ocasião que irá receber do presidente Jocélio Cunha um projeto de R$ 11 milhões para melhoria de infraestrutura e compra de equipamentos para o hospital, que hoje atende 60 municípios da região na alta complexidade. À tarde, Gabriel Souza permanece na região, para uma vistoria nas obras da RS330, entre Carazinho e Chapada.
Subsídio
E nesta semana, o prefeito Milton Schmitz assinou uma portaria concedendo reajuste na passagem de ônibus urbano solicitado pela empresa Glória, que detém a concessão no município. Porém, ao contrário do que aconteceu em Passo Fundo, onde o subsídio ao transporte coletivo se transformou em um cabo de guerra entre situação e oposição, em Carazinho, o subsídio de R$ 0,93 por passageiro concedido à empresa passou praticamente “batido”, sem polêmica...
Segundo o prefeito, graças ao subsídio, a passagem que passaria dos atuais R$ 3,00 para R$ 4,75 em novembro, terá um reajuste menor, ficando em R$ 3,75, o que, de acordo com ele, garante um dos menores valores de tarifa urbana do Estado. O valor do subsídio ao transporte previsto no orçamento de 2024 da prefeitura de Carazinho é de R$ 1,4 milhões. À título de comparação, em Passo Fundo, o preço da passagem hoje é de R$ 4,95 e o subsídio às empresas concessionárias deve atingir R$ 9 milhões em 12 meses.
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