Por Julcemar Bruno Zilli, economista
Nesta coluna, faremos um exercício de quais os efeitos da redução na taxa de juros básica da economia. A decisão foi tomada pelo Comitê de Política Monetária (Copom), nesta quarta-feira (2), e reduziu a taxa de juros Selic em 0,5 ponto porcentual, para 13,25% ao ano.
Embora a taxa de desemprego esteja em queda e haja expectativas de inflação ainda altas para o próximo ano, bem como o fato de os bancos centrais dos Estados Unidos e da Europa estarem elevando suas taxas de juros, existe um conjunto de fatores que levaram o Copom a diminuir os juros brasileiros.
Antes de tudo, é importante ressaltar que a decisão sobre a Selic é complexa e influenciada por uma série de variáveis econômicas. O Copom tem como objetivo primordial buscar a estabilidade da economia. Assim, ao avaliar a redução dos juros, é essencial levar em consideração o cenário atual e as perspectivas futuras.
Uma das principais razões que ajudam a explicar a decisão do órgão é a retração nos preços da economia (inflação), em virtude de diversos fatores, como a diminuição da demanda agregada (consumo) e o enfraquecimento da atividade econômica. Esse cenário de menor crescimento tem gerado discussões, pois há a necessidade de incentivar o consumo e os investimentos por meio da redução dos juros, estimulando, assim, o dinamismo econômico.
Outro ponto relevante é a projeção de inflação para o final de 2023. Apesar de expectativas ainda altas, é possível que o comitê esteja antevendo uma desaceleração inflacionária ao longo dos próximos meses. Em um cenário em que as expectativas de inflação se estabilizam ou até mesmo apresentam queda, a redução da taxa Selic, buscará o equilíbrio entre o controle da inflação e o estímulo ao crescimento, consumo, investimentos e emprego.
É verdade que a alta nos juros em outros países, como os Estados Unidos e a Europa, pode trazer desafios para o Brasil. Investidores estrangeiros podem ser atraídos para essas economias devido aos rendimentos mais elevados, o que poderia resultar em saída de capital do Brasil e desvalorização cambial. Entretanto, é importante lembrar que cada economia tem suas particularidades e desafios específicos.
Impactos locais
Os efeitos da queda na taxa de juros Selic para Passo Fundo, assim como para outras cidades brasileiras, serão captados em diversas áreas da economia e das finanças. É importante lembrar que a decisão sobre a taxa é uma política monetária aplicada ao nível nacional, e seus impactos se estendem a todas as regiões do país.
Dentre os principais impactos, pode-se citar o crédito mais barato; estímulo ao setor imobiliário; impulso ao setor produtivo; incentivo ao consumo; impacto nas finanças públicas, além da valorização de ativos financeiros
Diante desses pontos, o Copom enfrentou um dilema na reunião de quarta-feira, tanto que a decisão apresentou 4 votos para queda de 0,25 p.p e 5 votos para 0,50 p.p. Entretanto, é crucial que uma decisão como essa seja tomada seja baseada em uma análise criteriosa do cenário econômico e das perspectivas futuras e não por pressão política.
Ainda que existam fatores que sugerem cautela, como a situação nos Estados Unidos e Europa, a decisão do comitê pela redução da Selic seja para impulsionar a economia brasileira diante da retração de preços e projeções de inflação para o final de 2023.
Vale ressaltar que as decisões têm implicações significativas para a economia e devem ser acompanhadas de perto pelos agentes econômicos e pela sociedade em geral. O equilíbrio entre o controle da inflação e o estímulo ao crescimento é delicado, e a política monetária deve ser conduzida com responsabilidade e sensibilidade às particularidades da economia brasileira.
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